Francisco Miguel de Moura

Também conhecido como Chico Miguel, (Jenipapeiro16 de junho de 1933) é um escritor brasileiro.

Nascido no sertão do Piauí, fez seus estudos primários com seu pai; ginasial e contabilidade, em Picos, onde casou e morou por cerca de oito anos.

Formado em Letras pela Universidade Federal do Piauí e pós-graduado na Universidade Federal da Bahia, onde morou por alguns anos. Funcionário aposentado do Banco do Brasil. Radialista, professor de língua e literatura, atividades que não mais exerce: dedica-se exclusivamente a ler e escrever.

http://franciscomigueldemoura.blogspot.com.br/

12 comentários em “Francisco Miguel de Moura”


  1. Este saite é muito bom: uma tribuna para o poeta, seja sonetista ou apenas trovador; maior tribuna ainda para os articulistas, todos de alto padrão, que viva muito. Sou satisfeito de a direção me haver escolhido publicando algumas coisas que estão aí.
    Abraços aos colaboradores, de cá (Brasil) e de lá (Portugal e Africa, e onde quer que se escreva, fale e cante a ilustre língua de Camões e Fernando Pessoa, entre muitas outras sumidades internacionais. Ao Brasil, falta o Prêmio Nobel, pois que Portugal já teve o seu com José Saramago.
    Francisco Miguel de Moura.
    (e-mail: franciscomigueldemoura@gmail.com)


  2. Gostar de ter este artigo em seu/nosso site. Fico muito grato por sua atenção, Fancisco Miguel de Moura

    O ESPÍRITO DA COISA E A COISA DO ESPÍRITO

    Francisco Miguel de Moura, escritor, membro da Academia Piauiense de Letras

    Disse Santo Agostinho, o santo pensador e filósofo cristão: “Deus, sendo bom, fez todas as coisas boas. De onde, então, vem o mal”?
    Muito tempo depois, o poeta Czeslaw Milosz, polonês, ganhador do Nobel de Literatura, praticamente responde à indagação de Santo Agostinho: “O mal (e o bem) vem do homem”.
    Quem somos nós para questionar o sábio (todo poeta é um sábio) e o santo (será que todo santo também não é um sábio?) sobre questão tão alta!
    Meus pais já me diziam: devemos fazer o bem sem saber a quem. Levando a interpretação à prática, por um lado, porque melhor é a gente entregar alguma dádiva a uma instituição de caridade, pois saberá melhor a quem e como distribuir. Distribuir pessoalmente aos pobres, doentes, incapacitados, por outro lado, pode parecer esmola e esmola é humilhante para quem recebe e também para que dá.
    Jesus diz no Evangelho: “a mão direita deve dar sem que a esquerda saiba”, significando que a dádiva não deve ser feita para exaltar-se diante dos outros, nem muito menos para diminuir quem recebe.
    Não me parece honesto, mas em tudo e por tudo estamos fugindo ao tema filosófico proposto desde o início: o espírito da coisa e a coisa do espírito. Então, continuemos: A palavra coisa não diz nada, se não queremos interpretá-la no contexto. Se Deus fez todas as coisas, se o bem e o mal são coisas e se entre essas coisas está o homem, o poeta Czeslaw Milosz estava certo, tanto quanto Santo Agostinho. Só que o primeiro ainda não havia entendido a criação divina, enquanto o segundo, muitos séculos depois, chega a aproximar-se da verdade: “Todo mal e todo bem vêm ao mundo pelo homem”.
    Deus é perfeito, mas para continuar perfeito fez o homem à sua imagem e semelhança. Coisas que não são a mesma coisa. O homem é igual a todas as outras coisas, todos os outros animais como criação, não como espécie. Tudo é bom e tudo pode ser ruim, depende do contexto, quando se fala em letras, em arte; e tudo depende do espírito quando se fala em religião ou filosofia.
    Czeslaw Milosz, pensador humanista, poeta e romancista, nasceu em 30 de junho de 1911, em Kédainiai, e faleceu em Cracóvia, Polônia, em 14 agosto de 2004. Lutou contra o poder do totalitarismo comunista sobre os corpos e mentes. Adido cultural do novo regime, na Polônia, desertou para Paris, em 1951. Durante a Segunda Guerra Mundial, passou à clandestinidade e emigrou para os Estados Unidos, em 1960. Ele publicou dois livros, entre outros: “Canção invencível” e “A mente cativa”. “O maior inimigo do homem é a generalização”, dizia. Certamente Deus criou o homem livre, para não generalizar, eu juntaria ao pensamento do poeta polonês.
    Santo Agostinho nasceu a 13 de novembro de 354, em Tagaste, na África romana. Embora tenha sido criado como cristão, passou logo para o maniqueísmo. Mas tão logo voltou ao cristianismo, convertendo-se e tornando-se filósofo e Doutor da Igreja. Escreveu vários livros, os mais conhecidos são “Confissões” e “Cidade de Deus”. Ele defendia a posição de que tudo no universo foi criado simultaneamente por Deus e não nos 7 dias do calendário, como quer a interpretação literal do livro “Gênesis”, o primeiro da Bíblia.
    Alguns traços biográficos do filósofo e poeta com que iniciamos esta crônica servem apenas de informação e ilustração sobre o valor que teve e tem cada um na história cultural do mundo.
    Na verdade, tenho de estender-me mais um pouco sobre o bem e o mal. Para o mal, as religiões, os sonhos e as fantasias criaram a figura simbólica de Satanás ou do Diabo. Mas o Diabo é apenas uma configuração, não é real. Real é o espírito da coisa (o mal). É também coisa do espírito dos homens, porque nenhum ser humano, em sua consciência, concebe solitariamente, mesmo que seja o “nada”. Nada é a inexistência das coisas e da Coisa maior – a esperança, a fé, a consolação, o amor, a paciência, enfim todas as virtude que conhecemos. Tudo isto é Deus, tudo o que existe, existiu e existirá é Deus. O mal é a ausência de Deus.
    Portanto, minha conclusão é esta, não sinto nem concebo outra: Para acabar com o mal no mundo é preciso que creiamos mais em Deus, vivamos mais com Deus – e quando isto acontecer a sociedade melhorará porque passamos a acreditar nos outros, nosso próximo, as famílias, as nações, as instituições. E elas, ao mesmo tempo, se se tornarão boas, moral e eticamente.
    Ainda citando o poeta polonês: “Os homens agarram-se às ilusões, quando não têm mais nada a que se agarrar”.
    A corrupção acontece por causa disto: a falta de Deus e de amor, que é quando o demônio do mal se apresenta. A corrupção é assassina, antes de tudo, ela mata muito mais do que os bandidos, do que as guerras, ela persegue primeiramente o homem sozinho, depois a família, a escola, as instituições, as religiões, a sociedade de modo geral. Se o nosso sentimento humanitário, de cada um e de todos, não agir, não souber contê-la caminharemos para as guerras intestinas como a da atual Síria, para outros tipos de guerra como as de religião, de ideologias, como já vimos no passado.
    Neste ponto, creio que chegamos ao espírito da coisa, no mundo atual, inclusive no Brasil.


    • UM LÍRICO REALISTA
      Luz e Silva*

      Ao longo de sua obra, Francisco Miguel de Moura nos habituou a vê-lo como um poeta do nosso tempo. Áspero na forma, contundente na expressão. Em síntese, um lírico realista, porque voltado para a vida em cuja concretude o homem se perde. Neste “Quinteto em Mi(m)” a mesma coerência de sua poética outra vez se desenvolve.
      Digamos, desde logo, para evitar mal entendido, Francisco Miguel de Moura não é um poeta abstrato, nele não encontramos um místico. Sua poesia é sempre um reflexo imediato e bem vivo da própria existência: (“Nus dentro da verdade / é que todos perdurarão / e é como se não existissem – em pedaços.”). Mas essa verdade só vai adquirindo consistência quando se transforma em palavra: (“Eu me edifico / eu amo-me / eu me complico.”).
      É nessa perspectiva que a criação poética passa a adquirir um caráter visceral: (“Eis que presente a solidão deságua”.).
      O dia-a-dia é algo concreto e mutável que se vai construindo e se desfazendo simultaneamente: (“Os deuses gozam de nós / tão inocentes somos”.). A vida é sonho que o poeta precisa construir. (“Eu sei sonhar/ – e muito mais: / eu sei fazer o sonho – ”). Aí a luz se faz, no poema, plena das várias camadas da existência, porque o objetivo do poeta é a formação do ser. (“Faço a beleza com os olhos, / as mãos, a cabeça, os pés. / Os pés no chão da graça.”).
      Porém, deixemos claro, o ser de Francisco Miguel de Moura se constrói neste mundo. (“não sofro mais além do que sofri”). Estes poemas buscam circunscrever o que se é, sempre com os pés na realidade. O poeta “grávido de si mesmo”, num breve tempo onde as experiências apenas se insinuam, sem trazer nenhuma consciência de nada eterno, em tudo se vê perecível, frágil, sujeito às intempéries da incerteza. (“Passo e não me olham / olho e não me vêem / falo e não me escutam.” ). Feitos de flagrantes sucessivos estes poemas, em sua justaposição vida/arte, mostram o espanto do poeta perante a vida “quando foi que minha alma se partiu?”).
      O sentimento de que tudo sempre se está fazendo e desfazendo fica nítido em várias passagens do livro. Como conseqüência, o poeta está sempre tentando ordenar o mundo, o que podemos notar na insistência com que apela para a numeração ao longo da obra. Por outro lado, há sempre uma iminência de divisão:
      “Um eu dividido”.
      um eu triturado
      átomo vencido
      fogo apagado.”
      “Parti-me em oito e muito mais.” O mundo é visto como um antagonista O poeta está no mundo e sente que é inútil tentar se sobrepujar a ele. A realidade nos solicita apenas, sem questionamentos. São nossos sonhos que nos limitam, que nos vencem. (“Tudo posto para nós: / O mundo. / A vida. E a solidão a dois, / graças a cada um de nós.”).
      O mundo não é nosso, nós apenas fazemos parte dele. Do excesso de ambições do indivíduo é que surgem as derrotas, daí outra obsessão do poeta que é a do destino falhado. De um lado, o sonho, de outro, a realidade, assim nasce o descompasso ser/mundo, com o inevitável sentimento de frustração. Neste ponto é que a criação poética passa a adquirir um aspecto essencial. Ao construir seus poemas é que o poeta começa a adquirir um vislumbre de seu caráter, uma espécie de “síntese/compromisso”. (… quero escrever um poema / que não diga nada a ninguém / e que me diga de um tudo”).
      Em suma, a consciência nasce do ato de criar. Ao captar os mecanismos da existência, o poeta começa a entender o sentido da vida: desafio que o homem põe a si mesmo. Somente através do ato é que se pode tentar vencer a dureza do mundo. Como fazer ou não fazer leva sempre à frustração, deve-se optar então pela ação. Vencido por vencido, a única saída é uma recusa à inércia. O importante é que não se aceite a derrota antes da experiência. Na ação é que o homem se mostra. O poeta na construção do poema. Nisso ele principia a ser.
      No entanto, fica claro que nem vida nem arte surge como coisa acabada. Uma e outra são sempre desafios cotidianos que temos de aceitar que possam terminar incompletas. Porém apenas na aceitação desse desafio é que o homem pode vencer a própria limitação. Nesta perspectiva, aliás, o poema final do livro (“Sonho”) é bem exemplificativo. Estamos sempre começando. (“E chega a hora de bater: / quem bate e bate tem valor, / quem sonha e voa, agora, é voador.”). Saliente-se, para terminar, o importante é que nos percamos como reis, ou seja, sonhando alto. Neste ponto “Quinteto em Mi (m) coloca nova perspectiva de análise da poética de Francisco Miguel de Moura, o que talvez um dia dê motivo para um outro prefácio.

      (Prefácio do livro “QUINTETO EM MI(m)”, Editora do Escritor, São Paulo – SP, 1986).

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      *Benedicto Luz e Silva é poeta, romancista, crítico e editor. Mora em São Paulo – SP.

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      Comentário:

      Obs.: Minha crítica é a satisfação de ser publicado, de vez em quando, neste saite da melhor qualidade, com contribuições importantíssima para a cultura literária luso-brasileira. Amo o Brasil e amo Portugal.
      Francisco Miguel de Moura


  3. Comentário:

    Obs.: Minha crítica é a satisfação de ser publicado, de vez em quando, neste saite da melhor qualidade, com contribuições importantíssima para a cultura literária luso-brasileira. Amo o Brasil e amo Portugal.
    Francisco Miguel de Moura
    Responder

  4. Francisco Miguel Moura Says:

    Estou enviando novas trovas para serem incluídas na publicação, agradeço antecipadamente o apoio e a crítica.
    Autor:Francisco Miguel de Moura*

    Pareço ser bom de trova
    e tomo a caneta minha,
    pego um papel, vem a prova:
    A trova que me convinha.

    Sé é difícil, velha ou nova,
    nesta pretensão, a minha,
    quero ver quem desaprova,
    cantando qualquer trovinha.

    Porque vou de roupa nova,
    em busca de qualquer vinha,
    pra ter o vinho da trova…
    E nada me descaminha.

    Vou levando, é boa a nova,
    meu “níver, com a festinha…
    Pra mudar de ano, em trova,
    minha caneta se alinha…

    Pois agora se comprova,
    a tinta molhada, é minha.
    Quero ver quem me reprova,
    se a tinta é nova, azulzinha…

    Meus anos vão ser a prova,
    os que vêm se adivinha…
    Antes que do céu me chova
    trova melhor do que a minha.

    Ao trazer-me boa nova,
    porém não seja sozinha.
    Estrelando roupa nova,
    eu e a família minha.

    Anunciando esta nova,
    quero acabar como vinha
    e aumentar minha prova
    que a felicidade é minha.

    Que ainda sei fazer trova
    e não alguma trovinha,
    quero aumentar minha nova
    como a carta do Caminha.
    ________
    Teresina, Piauí, Brasil, 11 de junho de 2020
    *Francisco Miguel de Moura, escritor em prosa e verso,
    tão simples, como se a virtude esteja no sangue.


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