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A tragédia dos filhos órfãos de pais ainda vivos

Agosto 13, 2014

por Felipe Aquino

É tão importante a pessoa do pai na vida do filho, que o próprio Filho de Deus encarnado quis ter um pai (adotivo) na Terra. Jesus não pôde ter um pai natural neste mundo porque não havia homem capaz de gerar o Verbo encarnado; então, o Espírito Santo o gerou no sei puríssimo e virginal de Maria Santíssima.Texto de Felipe Aquino

Mas Jesus quis ter um pai adotivo, nutrício, neste mundo; e escolheu São José, o glorioso patrono da Igreja, como proclamou o Papa Pio IX, solenemente, em 1870.

Quando José quis deixar a Virgem Maria, no silêncio da discrição de sua santidade, Jesus mandou que imediatamente o Arcanjo da Anunciação, São Gabriel, logo lhe dissesse em sonho: “José, filho de Davi, não temas receber Maria por tua esposa, porque o que nela foi gerado é obra do Espírito Santo” (Mt 1, 20). E a José coube a honra de dar-lhe o nome de Jesus, no dia de sua circuncisão (Mt 1, 21).

Jesus viveu à sombra protetora do grande São José na vila de Nazaré e carpintaria do grande santo. O povo o chamava de “o filho do carpinteiro”. José o protegeu da fúria de Herodes; o levou seguro para o Egito, o manteve no exílio e o trouxe de volta seguro para Nazaré. Depois partiu deste mundo nos braços de Jesus quando terminou a sua missão terrena. A Igreja o declarou “protetor da boa morte”.

Ora, se até Jesus quis e precisou de um pai neste mundo, o que dizer de cada um de nós. Só quem não teve um pai, ou um bom pai, deixa de saber o seu valor. Ainda hoje, com 57 anos de idade, me lembro com saudade e carinho do meu pai. Quanta sabedoria! Quanta bondade! Quanta pureza! Quanto amor à minha mãe e aos nove filhos!… Ainda hoje com saudade é alegria me lembro de seus conselhos sábios.

O pai é a primeira imagem que o filho tem de Deus; por isso Ele nos deu a honra de sermos chamados pais; pois toda paternidade vem do próprio Deus. Muitos homens e mulheres não têm uma visão correta e amorosa de Deus porque não puderam experimentar o amor de seus pais; muitos foram abandonados e outros ficaram órfãos.

Mas o pior de tudo, é a ausência dos pais na vida dos chamados “órfãos de pais vivos”; e são muitíssimos. Muitos e muitos rapazes têm gerado seus filhos, sem o menor amor, compromisso e responsabilidade, buscando apenas o prazer sexual de suas relações com uma moça; que depois é abandonada, vergonhosamente, deixando que ela “se vire” para criar o seu filho como puder. Quase sempre essas crianças são criadas com grandes dificuldades; o peso de sua manutenção e educação é dividido quase sempre com a mãe solteira que se mata de trabalhar e com os avós que quando existem, fazem o possível para ajudar.

Mas a criança é criada sem o pai; a metade de sua educação podemos dizer que está comprometida; pois ela nunca experimentará o colo e os braços de um verdadeiro pai que a embale. Isto tem sérias consequências na vida dos jovens e adultos. Muitos deles, os mais carentes, acabam nas ruas e na marginalidade do crime, assaltos, roubos, drogas… cadeia.

Não é à toa que mais de 90% dos presidiários são jovens entre 18 e 25 anos. É verdade que muitos desses jovens tiveram um pai a seu lado, mas também é verdade que muitos deles não conheceram este homem, que os deveria ter criado.

Normalmente um filho que tem um bom pai, amoroso, trabalhador, dedicado aos filhos e à esposa, não se perde nos maus caminhos deste mundo.

Por isso tudo é lamentável o constatou o Papa João Paulo II em sua última viagem ao Brasil em 1997. Falando aos jovens no Maracanã, ele disse que por causa do “amor livre”, “no Brasil há milhares de filhos órfãos de pais vivos”. Que vergonha e que dor para todos nós! Quantas crianças com o seus futuros comprometidos por que foram gerados sem amor e abandonadas tristemente.

Sem um pai que eduque o seu filho, a criança não pode crescer com sabedoria, fé, respeito aos outros, amor ao trabalho e a virtude… Deixar uma criança sem pai, estando este vivo, é das maiores covardias que se pode perpetrar contra o ser humano inocente que é a criança.

Hoje, infelizmente, com o advento da inseminação artificial e clinicas de fertilização, há uma geração de jovens que não conhecem os seus pais, pois muitos foram gerados por um óvulo que foi inseminado artificialmente pelo sêmen de um homem anônimo. Esses jovens não conhecem a metade de sua história e não têm uma verdadeira família. Como será o futuro desta geração de jovens? Não é à toa que a Igreja católica é contra a inseminação “in vitro”.

Entre espiar ou expiar a Copa

Maio 7, 2014

Por Saulo Krichanã Rodrigues

Não sei quanto a Vocês: mas, quase todo mundo que conheço está a esconjurar a Copa.

E não tem nada ver com a escalação do time (coisa que o Felipão sequer ainda divulgou): na área da educação, as aulas do semestre terminam em mais 10 dias, se tanto. E só recomeçam em agosto, daqui entre 45 a 60 dias!

Na produção, há quem veja no acúmulo dos estoques nos pátios das montadoras, uma antecipação da produção com duplo sentido: de um lado protegem-se as margens com a produção antecipada a custos mais baixos do que deverão estar ao final do ano. E com a dispensa antecipada de mão de obra, pode-se desovar a produção no segundo semestre a preços mais altos o que (com a desoneração dos impostos assegurada pelos acordos pré- eleitorais), maximizará os lucros e se esterilizarão os custos com a redução das folhas de pagamento.

Comenta-se, por outro lado, que na produção agrícola, a estiagem de agora não passa de uma reprimenda de São Pedro àqueles que insistiam em rogar ao todo-poderoso para, também, segurar o tempo por um bimestre, de forma a possibilitar que as safras se fizessem ao ritmo do calendário da FIFA. Mas, deve ter sido apenas uma infeliz coincidência, que o verão se tenha antecipado no sul – secando reservatórios de usinas e da produção da água potável (?) -, e o inverno no norte, antecipando as monções e a sufocando a piracema.

O tempo trazido a valor presente pela Copa também havia antecipado o calendário eleitoral; e a não ser a classe perversa dos marqueteiros, poucos se deram conta disso. Tanto é que a situação saiu muito na frente correndo o risco de antecipar a rejeição. Em compensação a oposição como só agora acordou para a Copa (digo, para as eleições antecipadas), demorou a escolher os vices que, ao que parecem , são eles que anteciparão mais votos ou menos votos para os candidatos dito principais (sic).

Ou seja, ate o calendário eleitoral se transmutou: qual aquele rio franciscano, do qual ainda não se fez a cabal transposição. Talvez, até por isso mesmo: deve estar a esperar a normalização do tempo, para também autorregular o ciclo das águas e das secas…

Os hotéis que armaram preços estratosféricos foram atropelados pelos “hostels” e por suas primas pobres, as pousadas e os sobrinhos bastardos dos quartos, cômodos e puxadinhos improvisados. Como que a seguir a transmutação do tempo, as taxas de ocupação e de lucro devem se inverter de modo a recompensar os últimos e a mandar para o chuveiro (como se diz na Copa) os espertalhões que estavam antecipando os lucros e (dizem as malditas más línguas) gastando por conta dos turistas distraídos.

Aliás, seria bom que a Copa não demorasse mais do que 10 dias mesmo, pois – cala-te boca malsinada –, até as embaixadas da Guiné e da Somália, estariam recomendando cautela aos seus maganos mais abastados ao circular entre os irmãos do outro lado deste oceano outrora tão saudosamente paradisíaco.

Na mesma linha da antecipação de fases lunares e não lunares, estão os que já comemoraram a diversidade dos gêneros assim como os que disputam (ou querem retomar) pontos de apoio logístico nos morros onde se trafica o vício.

O que, aliás, antecipou a estratégia de ocupação daquelas plagas, antecipando o estado de sítio e os toques de recolher subliminares que deverão acontecer em decorrência deles.

Alheio a tudo e a todos, — ou talvez, sabiamente, até por causa disto tudo – a escalação do escrete segue impávida e cuidadosamente escondida: dizem até que a CBF cogita de terceirizar o time, enquanto arruma as malas para mudar a sua sede para um puxadinho já em frenética construção em Zurique, na Suíça, ao lado da sede da FIFA, embora tenha sido fundada em Paris a exatos 110 anos a serem completados no próximo dia 21 de maio deste ano da graça, já  tá sem graça alguma…

Esta antecipação forçada de fatos, datas, efemérides, estações do ano e ouras tantas “cositas más” – típicas de quem pode se dar ao desfrute de sublimar o tempo –, deve espicaçar os ânimos para expiar (e não espiar) a Copa.

Ou seja, para que num suceder de catarses espasmódicas e convulsivas, talvez queiramos regurgitar ao mundo, nosso arrependimento tardio pela festança (quase) cívica que se seguiu ao bicampeonato da atração dos dois maiores eventos internacionais na área esportiva: a Copa e as Olimpíadas.

Não sei não! Não sei o que está na mente dos que leem estas mal traçadas linhas: mas, como os jogadores de Gana, Argélia ou da Costa do Marfim, está a correr um friozinho pela espinha. E não sei bem se só pelo medo de temidos e previsíveis adversários…

Ou se é por descobrir que o nosso maior adversário está bem ali, a nos mirar no extremo oposto do espelho, a mastigar a dúvida cruel da esfinge verde e amarela que nos fita: afinal, iremos espiar ou expiar a Copa?

Na política, isto equivale saber se é preciso atacar a situação (fazendo o jogo tramado pelos seus marqueteiros); ou se encher de coragem e assumir o que de bom se fez de fato no presente e conclamar a todos para desejar um pouco mais do que o que já foi dado. Ou seja, se deixar de lado ou sujeito (ou a sujeita) e se falar de projetos e de futuros, mostrando que o consumo de viagens, automóveis e até da casa própria não prescinde de melhor educação, de melhores serviços de saúde, de mobilidade e de cultura. Para que não se precise sempre remedar o velho Zé Rodrix, e acabar parecendo (sempre e tanto) como os nossos pais…

Pois é, antecipar projetos, impessoalizando as eleições, é o sonho de horror dos marqueteiros.

Já pensou, se a oposição purga a situação e, sem desmerecer os bem-feitos (e a sublimar os malfeitos), se passe a falar de que é possível, sim, ter mais consumo?

Mas, consumo de saúde, de educação, de saneamento, de mobilidade, o que pressupõe a retomada de investimentos em áreas que alavancam o crescimento, a inclusão e a inserção definitiva dos quase 50 milhões que estão a chegar ao mundo visível da sociedade?

MUITOS QUEREM AGORA SER DOUTORES

Fevereiro 5, 2014

Por Clariesse Barata Sanches

Imagem texto Clarisse

Dantes na minha casa era assim:

Havia muitos porcos e leitões,

Tratava-se a fazenda qual jardim…

Eis uma dessas tais recordações…

Tínhamos a “criada” de lavoura

Que ajudava a tratar da bicharada…

Uma vida, em geral, mais vivedoura

E a loja do comércio trabalhada.

Hoje não há emprego pra ninguém…

Porque as terras ficaram ao desdém

E as aldeias sem vida, sem fulgores…

Os comestíveis vêm do estrangeiro

E o País emprenhado, sem dinheiro,

Porque muitos preferem ser Doutores!…

Educação & Arte (Brasil x Mundo)

Fevereiro 4, 2014

por Francisco Miguel de Moura

Imagem para texto de FransciscoPrimeiramente quero dar meus parabéns ao Piauí (e por conta, ao Brasil) pelo sucesso da revista “EDUCAÇÃO & ARTE”. Ter uma publicação tão necessária e tão valiosa, abrangendo problemas que nos afligem, não é fácil. Problemas que atingem toda a sociedade brasileira enormemente e que se tornariam bem menores com a ajuda desinteressada de cada um e a participação séria, honesta e desabusada dos governos das três esferas, temos certeza. Sei que é muito fácil a gente ficar daqui dizendo “Façam isto, façam aquilo”, como se fôssemos realmente os mandões de tudo, o dono, o proprietário, o deus de todo o Brasil. Fácil é somente para os que não querem ouvir nem ler críticas, e ainda podem ameaçar-nos com processos judiciais e outras penas que não são ditas, somente murmuradas no íntimo de cada mandante afetado: “De agora em diante você não é nosso amigo, não há outro caminho: É nosso inimigo”. Acontece que eu sou brasileiro, filho de uma nação tradicionalmente democrática, embora não tenhamos chegado ao que queremos, como almas nobres, alevantadas para o lado do bem. E tenho comigo a liberdade de pensamento e palavra. Não sou jornalista, mas apenas dou minha opinião como qualquer brasileiro, com a diferença de que eu escrevo e assino embaixo: sou opinionista. Não sou conselheiro. Muitas vezes tenho acertado, noutras nem tanto, como é comum a qualquer mortal. Mas hoje quero fazer um pequeno paralelo entre o que eu disse e assinei como opinionista e o que foi publicado como notícia jornalística, na revista “Educação e Arte”, n° 5, editada em 2013, por uma seleção de gente competente como Nelson Nery Costa e Kleber Mourão, entre outros (aos quais peço desculpa por não poder citá-los por falta de espaço).

Neste segundo passo, quero fazer uma comparação entre duas matérias da revista em foco: a primeira, meu artigo “A educação é o maior bem de um país” (pg.5 e ss.) e a segunda, o informe jornalístico “Educação da Finlândia…”, cuja fonte é a própria Embaixada da Finlândia, como está dito ao final, pág. 23. Penso que os interessados em Educação e Cultura leram as duas matérias. Assim, não terei que me copiar nada para fazer o paralelo com o ensino e a educação no país nórdico. Então vamos por partes: Nos “rankings” da Educação, segundo dados da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), a matéria esclarece que nas últimas 4 avaliações a Finlândia ficou entre os primeiros lugares.  E o Brasil? Nós obtivemos a 53ª posição entre os 65 países que participaram da “enquete” avaliativa.  O mesmo informe diz que o Brasil tem voltado os olhos para lá, em busca de “desvendar o segredo”, se é que existe segredo, no sucesso da educação finlandesa. Mas parece que os profissionais brasileiros que foram lá observar não entenderam nada. Ou o(s) governo(s) daqui não entenderam aqueles profissionais? A última hipótese é a correta e denota a cegueira e a surdez do nosso poder público.

Meu artigo é de crítica porque, pelo que escrevi, sabe-se que não alcançamos a universalidade do ensino desejada, especialmente no que se refere ao grau de humanidades como eram chamados outrora os primeiro e segundo graus do currículo educacional. E não alcançamos no 3º grau também (universitário), não obstante a edição de leis e mais leis, algumas de exceção, outras de claro preconceito. A Finlândia já alcançou, pelo menos nos dois primeiros graus. Digo assim porque na Finlândia não dão mais destaque à tecnologia do que ao investimento humano. É nessa direção que a educação vai: igualitária e totalmente gratuita, colocando enfoque no professor (naturalmente bem formado e bem pago), colocando-o como definidor de metas e de formas de ensino. Outro ponto é a liberdade que as escolas têm de criar seus próprios métodos, de acordo com as necessidades locais. Que contraste com a nossa, totalitariamente dirigida por Brasília e direcionada a São Paulo/Rio como únicos produtores/consumidores de obras de literatura, ciências, arte e educação!

Lá, no modelo, o país nórdico, não há investimentos sem critério e controle, especialmente para a educação e a cultura. Jamais pensam em investir valores que não cheguem nem à escola e muito menos ao professor e ao aluno. Coisas simples e formais que aqui são valorizadas absurdamente, como a quantidade de horas necessárias (?), lá o que pesa é a qualidade do aproveitamento na própria sala de aula, sem necessidade, é claro, de deixar tarefas para casa. O respeito e o carinho com os alunos que têm dificuldades especiais também são levados a sério, tal como as aptidões de cada aluno, gerando um clima realmente educativo, cultural e artístico no sistema.

No final do meu artigo mencionado na revista “Educação & Arte”, eu prometi apresentar posteriormente um programa que realmente leve o Brasil a sair deste fosso em que as nossas crianças e jovens foram jogados e para onde os dirigentes do país pensam levar os que ainda não estão lá, como forma de fazer política pela quantidade. Meu programa realmente bate com esse da Finlândia, daí porque, com este artigo, me sinto desobrigado dele. Não obstante as visitas e estudos de autoridades e técnicos à Finlândia, sinceramente creio que os nossos governantes estão mais de olho nos sistemas educacionais de Cuba e Venezuela do que nos da Europa.

Lugar de lixo

Setembro 2, 2013

Por Renato Nalini

A produção de resíduos sólidos no Brasil é algo de extraordinário. Nesse tema cabe o ufanismo “nunca antes neste País” tão em voga para outras “conquistas”. Cada brasileiro produz mais lixo do que vários europeus juntos. O Brasil nunca passou por uma guerra, nunca sentiu verdadeira fome, não teve de passar por tragédias. Por isso uma sociedade pródiga, perdulária, consumista… E suja.

A falta de civilidade faz com que muitas pessoas pensem que a rua é um lugar sem dono. Ao contrário de países educados, onde o espaço público é de todos, aqui parece “terra de ninguém”. Não é só o desprovido de escolarização que assim age. Muita gente que se considera culta não hesita em arremessar pela janela do carro o recipiente do refrigerante que acabou de beber, os tocos de cigarro, os guardanapos, os impressos que o primitivismo continua a distribuir junto aos semáforos.

Cartaz-Lixo-Zero1

A Prefeitura do Rio de Janeiro adotou uma excelente prática. Agora, quem jogar lixo na rua leva uma multa. O mínimo é 157 reais. O bolso, órgão sensível, é a motivação mais persuasiva com que se pode contar. As campanhas educativas pouco resultado oferecem. Por mais que se diga que a municipalidade gasta muito para a varrição de ruas, para o recolhimento dos sinais deixados por uma população que não sabe acondicionar seus resíduos e que tudo isso vai causar problemas mais sérios, a repercussão é quase nenhuma.

Quando há inundações, as bocas de lobo não dão vazão à água pluvial, os rios se transformam em mortos coletores de dejetos, ninguém se lembra que também contribuiu para o problema. O Brasil está demorando a adotar a logística reversa, de maneira a responsabilizar o fabricante pelo destino de seus produtos após a vida útil. A existência de “desmanches” é outro índice que depõe contra o estágio civilizatório nacional.

Eles parecem sustentar uma cadeia de criminalidade, conspurcam o ambiente, enfeiam as cidades. E estimulam o péssimo hábito de se jogar na via pública aquilo que já não serve. Seja carcaça de carro, geladeira velha, televisão que não funciona, sofás e colchões. Sem falar na praga venenosa dos pneus. Mas é bom começar com o lixo urbano. Tomara que a iniciativa carioca prevaleça e se dissemine. Um pouco de limpeza é sinal de verdadeira educação. Lugar de lixo é no lixo.

Acabou a moleza

Agosto 1, 2013

Por Paulo Timm

Há dias o Senador Cristovam Buarque escreveu um artigo intitulado “ Ainda não caiu a ficha” no qual evidencia que o Brasil está em meio à uma revolução e que os líderes políticos ainda não entenderam nada. Não sei se já vivemos uma “revolução”, mas que nossos políticos não estão entendendo nada, isso eu tenho certeza. Todos eles, aliás, tentam posar de bonzinhos, principalmente Renan Calheiros, Presidente do Senado, um dos alvos do clamor das ruas. Suas “ bondades” já preocupam o Palácio do Planalto, onde ele foi chamado, semana passada, para ser advertido de que o saco de dinheiro público já está vazio. Por todo o país ecoam vozes de descontentamento com nossa cultura política e abundam artigos de analistas demonstrando o insofismável: Chega! A sociedade brasileira amadureceu e não suporta mais um sistema político herdado do colonialismo escravista que transforma magicamente detentores de cargos públicos em verdadeiros faraós. Enquanto em países ricos Governantes habitam em casas simples, como a famosa residência do Primeiro Ministro Britânico, em D. Stret, em Londres, no Brasil abundam Palácios, mordomias e …jatinhos. E diga-se de passagem: Metade da população trabalhadora, segundo o Censo de 2010, que até pode estar superestimando a cifra, ganha até meio salário mínimo. Ora, assim não dá mesmo. É hora de mudar essa cultura oligárquica e patrimonialista.

Duas notas no Face me chamam a atenção, a propósito deste assunto.

A primeira, diz que Prefeituras criaram 64 mil cargos comissionados em quatro anos. Isso é um absurdo:

PREFEITURAS CRIAM 64 MIL CARGOS COMISSIONADOS EM 4 ANOS

Nos quatro anos de mandato entre 2008 e 2012, os prefeitos do

país criaram 64 mil cargos comissionados – aqueles para os quais

não é necessário fazer concurso público, e que costumam ser

loteados por indicação política. Juntos, eles lotariam os oito maiores

estádios da Copa de 2014.

Dados: IBGE – Pesquisa de Informações Básicas Municipais

Segundo o C. Abramo, Presidente da ONG Transparência, esses cargos são a maior fonte de poder discricionário e corrupção no setor público. Começam na esfera federal, onde pululam mais de 20 mil desses cargos, para os quais não se exige nada mais do que a indicação de um político da Base Aliada, para ser nomeado. E não se restringe ao Executivo. Agora mesmo a imprensa dá conta da quantidade desses cargos no Judiciário, beneficiando sem critérios parentes de Juízes. São, como diz matéria da FSP, os filhos da Corte:

Filhas da corte

LEANDRO COLONDIÓGENES CAMPANHADE SÃO PAULO

Para o governador do Rio, Sérgio Cabral (PMDB), a advogada

Marianna Fux, 32, é “respeitada” e “brilhante”.

Na avaliação de Ophir Cavalcante, ex-presidente nacional da OAB

(Ordem dos Advogados do Brasil), o currículo da colega Leticia

Mello, 37, “impressiona”.

A mesma opinião tem o experiente advogado José Roberto

Batocchio: “É uma advogada com intensa militância, integra um

grande escritório, com ampla atuação no Rio”.

Meses atrás, o mais novo ministro do STF (Supremo Tribunal

Federal), Luís Roberto Barroso, exaltou as qualidades de Leticia

numa carta enviada a desembargadores do Tribunal Regional

Federal da 2ª Região, com jurisdição no Rio e no Espírito Santo.

Em troca, ela prestigiou a posse dele no STF. As duas advogadas são filhas de ministros do Supremo. Com

poucos anos de advocacia, estão em campanha para virar

desembargadoras, juízas da segunda instância.

Filha do ministro Luiz Fux, Marianna lidera as apostas para

substituir o desembargador Adilson Macabu, que se aposenta no

Tribunal de Justiça do Rio nesta semana.

Se for bem sucedida, ela terá um salário de R$ 25,3 mil e regalias

como carro oficial e gabinete com assessores.

Filha do ministro Marco Aurélio Mello, Letícia pode conseguir coisa

parecida. Ela foi a mais votada numa lista submetida à presidente

Dilma Rousseff para o preenchimento de uma vaga no TRF do Rio.

Leticia é mais experiente do que Marianna. Formou-se em 1997 e

trabalha num escritório de prestígio. É considerada no meio jurídico

uma advogada promissora, mas que dificilmente chegaria tão cedo

a uma lista tríplice se o pai não estivesse no STF.

Em entrevista à Folha, Marco Aurélio saiu em defesa da filha: “Se

ser novo apresenta algum defeito, o tempo corrige”. Ele procurou

desembargadores para tratar da indicação da filha, mas nega ter

pedido qualquer coisa. “Jamais pedi voto, só telefonei depois que

ela os visitou para agradecer a atenção a ela”.

No TJ do Rio, há registro de apenas cinco processos em que Leticia

atuou. No TRF, onde ela quer ser desembargadora, não há

menção. Leticia formou-se no Centro Universitário de Brasília e não

tem cursos de pós-graduação.

“Há muitos que têm diversos canudos debaixo do braço e deixam a

desejar”, diz Marco Aurélio. “É pecado [a indicação]? É justo que

nossos filhos tenham que optar por uma vida de monge?”

Leticia e Marianna disputam vagas do chamado quinto

constitucional, reservadas a juízes indicados pela OAB.

O ministro Fux foi desembargador do TJ do Rio no início da carreira

e conhece quem pode ajudar sua filha. A votação no tribunal deverá

ser aberta. Um integrante do TJ diz que isso pode criar

constrangimento, se algum ex-colega de Fux quiser se opor à escolha da sua filha.

Marianna formou-se há dez anos pela Universidade Cândido

Mendes, no Rio, e seu currículo exibe uma pós-graduação em

Teoria das Obrigações e Prática Contratual pela Fundação GetúlioVargas.

A FGV informou à Folha que não se trata de pós-graduação, mas

de um curso de extensão universitária de quatro meses. Marianna

atuou em apenas seis processos no TJ do Rio: um sobre extravio

de bagagem, os demais sobre espólio e dano moral. Em abril deste ano, o advogado Sérgio Bermudes, que é amigo de

Fux e emprega Marianna, organizou uma festa para comemorar o

aniversário do ministro. Os desembargadores do TJ foram

convidados, mas Fux cancelou o evento após sofrer críticas.

O presidente da OAB do Rio, Felipe Santa Cruz, diz que ainda não

foi aberta a lista para a qual Marianna poderá ser indicada. “Não

posso me manifestar sobre algo que não existe ainda”, afirmou,

sem negar a movimentação a favor da advogada.

Leticia Mello tem dois adversários mais experientes na lista

submetida a Dilma: os advogados Luiz Henrique Alochio, 43, e

Rosane Thomé, 52.

Eles preferem evitar a polêmica. “Espero que seja escolhido o mais

bem avaliado do ponto de vista da meritocracia”, diz Alochio. “Não

tenho grandes expectativas. A nomeação é tão sem critério,

aleatória”, afirma Rosane, que tem 30 anos de advocacia.

Procurada, Leticia disse que não se manifestaria sobre o assunto.

Marianna e seu pai não responderam aos pedidos de entrevista da Folha.

É contra isso que as ruas e praças estão se clamando. Não se trata deste ou aquele Governo, desta ou aquela instância do Poder. O povo brasileiro, mais seguro, mais educado – metade dos eleitores já têm nível médio e superior -, informado – todos os lares têm TV e 75% têm acesso à INTERNET, multiplicando os acessos às redes sociais , está repudiando este acúmulo de benesses dos detentores de cargos públicos.

Rede social popular na América Latina bate metas de audiência

correiodobrasil.com.br

Começou pela Argentina a construção de uma nova

rede social para o continente, o com objetivo de fazer

frente ao Facebook e se tornar a principal ferramenta de interação.

E se, como diz o Senador Cristovam, os líderes continuaram fazendo ouvidos moucos ao grito de guerra que eclodiu em junho, serão literalmente atropelados. Aí vai fazer sentido a advertência do Governador de São Paulo, reverberada, ontem por vários analistas da conuntura (Dia 14 de Julho, Tomada da Bastilha – Início da Revolução Francesa) : – Não vai haver guilhotina suficiente pra tanta cabeça cortada… E olhe que o Governador não é um homem da esquerda revolucionária!

Outro post me chama a atenção: Do jornalista Renato Riella, de Brasília.Ele destaca que o momento da ruptura será a vinda do Papa Francisco, no fim do mês. (Renato Riella)

Anotem: depois que passar pelo Brasil o papa franciscano Francisco, o Chico, não ficará pedra sobre pedra na cabeça dos brasileiros. Será na próxima semana.

Já mostrei aqui que, na viagem de 1980, o Papa João Paulo II deu um choque na ditadura, ao falar durante 12 dias sobre liberdade e melhor distribuição de riquezas no Brasil, entre outros temas que eram proibidos desde 1964.

O Papa Chico falará sobre simplicidade no ser, nivelamento de seres humanos nos seus melhores valores, combate ao desperdício, condenação profunda às vaidades imbecis – e de quebra combate à bandidagem nas áreas públicas, seja no Brasil ou no próprio Vaticano, onde ele tenta expurgar as máfias.

Pedra sobre pedra…Quem viver verá.

Na sua despedida, brasileiros saberão que um homem público pode dormir em cama de solteiro, num alojamento católico, comendo junto com colegas – mesmo sendo o ser mais poderoso do mundo.

Nada deve mudar quando um homem é apenas um homem.

Estamos, pois, vivendo momentos dramáticos na nossa história. Como dizia o Velho Marx: Há anos que passam como dias, e dias que valem por anos. Estamos exatamente num momento desses. E o próprio Ex-Presidente Lula, que não é tolo, nem esperou a visita da Presidente Dilma a São Paulo. Foi à Brasília abrir-lhe os olhos: -´É hora de mudar tudo” , teria dito. Outro ex-Presidente, FHC desde 2011, quando publicou um clássico artigo na Revista Interesse Nacioanl (Ed.abril) também reitera que os Partidos faleceram em sua missão organizadora da Política e que o momento é grave. Os dois outros ex, vivos, parece que ainda não se tocaram: Collor, sempre próspero nos negócios, está preocupado em fazer indicações para a ETROBRÁS e Sarney, sábio, certamente preocupado com os seus botões…

Mas quem viver , verá. Onde tem um, tem dois, tem três. E quando chegamos a dois milhões nas ruas, bem podemos alcançar um múltiplo das mobilizações de rua da próxima vez…

Feira Internacional do Livro

Março 6, 2013

Por Cyro de Mattos

Antes de embarcar para Frankfurt para participar da tarde de autógrafos do meu livro Zwanzig Gedichte von Rio und andere Gedichte, em português  quer dizer Vinte poemas do rio e outros poemas, traduzido por Curt Meyer Clason para a língua de Goethe, procurei me inteirar um pouco da cidade. Situada no estado de Hessen, é a quinta maior cidade do país, com cerca de 700 mil habitantes. Destruída durante a Segunda Guerra Mundial, a cidade  foi reconstruída e se tornou em um dos maiores centros financeiros do mundo. O rio Meno com  524 quilômetros  de extensão,   a rede de  sessenta museus, a casa de Goethe, a Catedral de São Bartolomeu e a Igreja de São Paulo são alguns  pontos turísticos que a cidade oferece ao visitante.

A Feira do Livro de Frankfurt, em alemão Frankfurter Buchmesse, é o maior encontro mundial do setor editorial, sendo realizado desde 1949 em Frankfurt e atraindo anualmente mais de 7.000 expositores e 280.000 visitantes.

Durante a Feira  é entregue o Friedenspreis des Deutschen Buchhandels (em português: Prêmio da Paz do Comércio de Livro Alemão), um prêmio da paz alemão com repercussão internacional, e o Deutscher Jugendliteraturpreis, um prêmio tradicional destinado ao melhor livro de literatura infanto-juvenil alemã.

A Feira do Livro de Frankfurt, no ano de 2010,  realizou-se de 6 a 9 de outubro.  Foi no último dia que compareci ao stand de minha editora, a Projekte-Verlag, de Halle, às 15 horas, e autografei alguns exemplares de meu livro. Entre os presentes ao evento estavam Carlos Frederico Graf, presidente do Centro de Cultura Brasileiro,  Doutor Dark  Antonio da Luz Costa, presidente das Federações dos Comércios da América do Sul, a empresária Antonia Dimitruka, o Professor Doutor Claudius Armbruster, da Universidade Zu Koln, e alguns funcionários da Fundação da Biblioteca Nacional. A Fundação da Biblioteca Nacional marcava presença na Feira divulgando  autores brasileiros,  através de palestras e exposições de livro. Oferecia seu stand como espaço para o intercâmbio cultural e editorial.

Não sei o que mais me impressionava na Feira do Livro de Frankfurt, se o seu tamanho incalculável ou a quantidade de pessoas de quase  todos os povos. No mesmo dia em que lancei o meu livro, horas depois fui assistir no piso inferior da Feira o lançamento do livro Um Brasileiro em Berlim, crônicas, de João Ubaldo Ribeiro. Esperava encontrar naquele momento com o meu companheiro de geração e colega da turma  formada em 1962 pela Faculdade de Direito da Universidade Federal da Bahia. Infelizmente ele não compareceu ao evento.

A funcionária da editora do Centro do Livro Português lia em português uma crônica do consagrado escritor baiano e o tradutor depois fazia o mesmo, agora em alemão. A platéia numerosa de alemães irrompia em gargalhadas com o humor do autor em alguns trechos de suas crônicas, referindo-se a encontros inusitados e fatos corriqueiros do povo alemão de Berlim. E eu ficava me deliciando por ver que um brasileiro conseguia fazer sorrir com seus escritos tanto alemão de uma só vez, um povo que sempre me pareceu racionalista, disciplinado  e fechado.

Aproveitei para dar um passeio na cidade em meu último dia em Frankfurt.  Por onde andei senti a atmosfera dessa cidade com trinta por cento de estrangeiros, cinquenta feiras com exposições internacionais, uma arquitetura imponente em que se  mesclam edificações modernas com antigas construções típicas da Alemanha no espaço  de uma  convivência harmoniosa.  Embora repleta de grandes e modernos edifícios empresariais e bancários, tendo os dois maiores da Europa, Frankfurt é bem arborizada e dispõe de dezenas de parques numa demonstração clara de que os governantes de lá consideram as questões ambientais e se preocupam com a preservação da natureza.

Fiquei me perguntando como um povo inteligente e trabalhador, que deu alguns gênios para a humanidade, causou uma guerra mundial liderada pelo ditador nazista. Guerra que eliminou milhões e provocou o holocausto contra judeus alemães. Lembrei, nesse instante, de Anne Frank, a judia alemã que nasceu em Frankfurt. Teve que viver escondida dos alemães durante dois anos, na Holanda. No esconderijo escreveu seu diário relatando a angústia daqueles dias. O rio Meno desviou meus pensamentos para a visão de suas águas tranquilas, cortadas por navios mercantes e abrigando navios hotéis nas suas margens.

Ao retornar para o hotel no taxi, o motorista, um indiano radicado há tempos em Frankfurt,  perguntou-me se eu gostava de futebol e se tinha visto Pelé jogar. Respondi que era difícil brasileiro não gostar de futebol. Tinha visto, sim, o rei de futebol jogar várias vezes, no Maracanã pela seleção brasileira e no estádio da Fonte Nova pelo Santos. Completei dizendo que o meu Bahia se sagrou o primeiro time campeão brasileiro de futebol jogando contra o Santos, um time fenomenal, que só tinha craques, inclusive o genial Pelé. 

Professor da USP é eleito sócio-honorário de Centro Lusófono em São Petersburgo

Março 6, 2013

SÃO PETERSBURGO – O professor de Literatura Russa do Departamento de Línguas Orientais da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da Universidade de São Paulo (USP), Bruno Barretto Gomide, coordenador da pós-graduação na área, foi eleito sócio-honorário do Centro Lusófono Camões, da Universidade Estatal Pedagógica Herzen, de São Petersburgo.

O professor Bruno Gomide, da Universidade de São Paulo, em atividade com alunos no Centro Lusófono Camões da Universidade Herzen, em São Petersburg

A eleição ocorreu durante cerimônia realizada na Sala de Conferências da Biblioteca Fundamental da Universidade Herzen, no dia 26 de fevereiro. Na ocasião, deu-se atividade organizada pelo Centro Lusófono que consistiu na leitura de poesias em português e russo de Antero de Quental, Anna Akhmatova, Fernando Guimarães, Puchkin, Shalamov. Citaram-se também Camões, Narbut e António Ramos Rosa.

Na oportunidade, o Centro Lusófono Camões, por intermédio de seu diretor, o professor Vadim Kopyl, passou para o Museu Anna Akhmatov materiais relacionados com a famosa poetisa russa, entre eles o texto do soneto-epitáfio “Zara”, de Antero de Quental,  para tê-lo junto a sua versão em russo feita por Anna Akhmatova,  e também o poema de Fernando Guimarães “Anna Akhmatova” e sua versão em russo de autoria de A. Rodosskiy.

Para a Biblioteca Fundamental da Universidade Herzen, o Centro passou os livros bilíngues já publicados pela instituição: Poesia Portuguesa Contemporânea, Contos, de Machado de Assis, Novos Contos, de Machado de Assis, Vou-me embora de mim, de Joaquim Pessoa, e também a tradução do ex-embaixador Dário Moreira Castro Alves do romance em versos Eugênio Oneguin, de Puchkin (Moscou: Asbooka-Atticus, 2008), do qual consta o artigo “Voz humana nos versos divinos”, de Vadim Kopyl.

Autor de Da estepe à caatinga: o romance russo no Brasil – 1887-1936 (São Paulo, Edusp, 2011), Prêmio Jabuti 2012 da Câmara Brasileira do Livro, na categoria Teoria e Crítica Literária, sua tese de doutorado, o professor Bruno Gomide falou sobre o ensino da Língua e da Literatura Russa na USP e o grande interesse do leitor brasileiro pela literatura russa nos últimos tempos, o que tem sido comprovado pela publicação de grande número de traduções. Gomide ofereceu ao Centro obras traduzidas em português de Puchkin,Tolstoi, Dostoiévski, Leskov e Mandelshtam e  também a Nova Antologia do Conto Russo (1792-1998), organizada por ele e  lançada recentemente pela Editora 34, de São Paulo, que reúne nomes conhecidos no Brasil como Puchkin, Gógol, Dostoiévski, Tchekhov, Tolstói, Pasternak, Bábel e Nabókov e outros menos conhecidos, como Odóievski, Grin, Chalámov, Kharms, Platónov e Sorókin, num total de 40.

O professor, que permaneceu em São Petersburgo de 14 de janeiro a 27 de fevereiro, fez pesquisas no setor de manuscritos da Biblioteca Pública de São Petersburgo, onde trabalha, há alguns anos, com a obra do crítico, poeta e tradutor David Vygódski. Gomide visitou também o Instituto de Literatura Russa da Academia de Ciências de São Petersburgo, mais conhecido como Casa de Puchkin (Puchkinski dom). Na ocasião, foi assinado um acordo de cooperação entre o Instituto e a USP.

SERVIÇO – As instituições, editoras e autores do mundo lusófono que quiserem ajudar a enriquecer o acervo do Centro devem enviar os seus livros para:

Prof. Dr. Vadim Kopyl

CENTRO LUSÓFONO CAMÕES

Moica 48 – UNIVERSIDADE ESTATAL PEDAGÓGICA HERZEN k. 14

São Petersburgo – Russia

Todos enredados

Fevereiro 26, 2013

Por Renato Nalini

A verdade é que ninguém mais consegue viver sem participar das redes sociais. Até mesmo Joseph Ratzinger, o filósofo que sucedeu João Paulo II e adotou o nome Bento XVI, estreou no twitter no final do ano passado. Padre Marcelo Rossi recomendou que ele também faça parte do Facebook. Hoje, quem não está nas redes está desconectado do mundo.

Verdade que alguns teimam em não ter celular, em não usar computador, em confessar – até com indisfarçável orgulho – “não ser escravizado pela tecnologia onipotente”. Mas a imensa maioria já se conscientizou de que sem se conectar não há salvação terrena. Hoje, quem precisa de um emprego tem de saber que o recrutamento se faz também mediante pesquisa em páginas como o Google.

É bom saber que os profissionais de RH, ao digitarem um nome no Google, não vão além da primeira página de resultados. E as ferramentas online disponíveis não eliminam as informações pouco lisonjeiras. É por isso que Universidades corretas e que se interessam pelo day after de seu egresso propiciam um programa gratuito para ajudá-lo a encontrar bom emprego. É o que acontece com a Universidade de Syracuse, por exemplo.

As redes podem ajudar a construir uma boa reputação, como podem detonar a imagem de qualquer pessoa. Lisa Severy, que é Presidente da Associação Nacional para desenvolvimento de carreiras nos Estados Unidos, reconhece a importância da boa imagem profissional na internet. Para ela, não é segredo que os estudantes estejam acostumados com uma circunstância inevitável: detalhes íntimos da vida de qualquer pessoa estão disponíveis na internet desde o dia em que ela nasceu.

Pesquisa realizada pela CareerBuilder com 2 mil gerentes de RH mostrou que mais de 40% das empresas usam redes sociais para pesquisar sobre a vida dos candidatos. 1/3 dos recrutadores disse ter feito algum tipo de anotação sobre a pesquisa nos currículos dos candidatos, como evidências de uso excessivo de bebida alcoólica ou de algum tipo de droga.

O estudante de hoje, profissional de amanhã, deve se envolver ativamente na construção de sua presença online. É o que impõe a vida contemporânea. Sem escapatória. De forma irreversível.

O TRIBUNAL EUROPEU E OS EMBRIÕES HUMANOS

Dezembro 4, 2012

Por Ives Gandra da Silva Martins

O Tribunal de Justiça Europeu, em 18 de outubro de 2011 (Grande Secção), declarou a impossibilidade de ser patenteada a utilização de embriões humanos, não só para fins industriais e comerciais, mas também para a investigação científica, dando, entretanto, espaço para fins terapêuticos ou de diagnóstico, na medida em que seja útil para o próprio embrião.

A decisão seguiu a determinação prevista no artigo 6º, nº 2, alínea “c” da Diretiva da Comunidade Européia de nº 98/44. A definição do que seja embrião humano foi dada pelo próprio acórdão “constituem embrião humano todo o óvulo humano desde a fase da fecundação”.

Termina, o acórdão do Tribunal, com as seguintes determinações:

“2) A exclusão da patenteabilidade relativa à utilização de embriões humanos para fins industriais ou comerciais, prevista no artigo 6º, nº 2, alínea c), da Directiva 98/44, abrange também a utilização para fins de investigação científica, só podendo ser objecto de uma patente a utilização para fins terapêuticos ou de diagnóstico aplicável ao embrião humano e que lhe seja útil.

3) O artigo 6º, n.° 2, alínea e), da Directiva 98/44 exclui a patenteabilidade de uma invenção, quando a informação técnica objecto do pedido de patente implicar a prévia destruição de embriões humanos ou a sua utilização como matéria prima, independentemente da fase em que estas ocorrem e mesmo que a descrição da informação técnica solicitada não mencione a utilização de embriões humanos”.

Do referido acórdão, é de se concluir que a comunidade européia, por seu Tribunal Maior –não Cortes de derivação ou de poder delegado- reunido em Grande Secção, afastou a tese de que o embrião humano não seria um ser humano, pois admitiu a vida desde a concepção, ao não admitir patentes envolvendo a negociação e destruição de vidas humanas, na sua forma embrionária, não só para fins de industrialização e comércio pelos grandes laboratórios, mas também para investigação científica.

No mesmo acórdão, deixou claro que a destruição dos embriões ou sua utilização como matéria-prima, também não podem servir de base para sua patenteabilidade, visto que apenas as investigações que beneficiem os próprios embriões, ou seja, para sua preservação, são admitidas.

O acórdão – de pouca repercussão entre os defensores dos que se utilizam células embrionárias (embriões humanos)para pesquisas e que o Supremo Tribunal Federal permitiu fossem realizadas no Brasil, quando admitiu a constitucionalidade por inteiro da lei de biosegurança – parece, decididamente, sinalizar que, ao falar em células embrionárias, entende aquela Corte Suprema da União Européia estar falando em seres humanos na sua forma embrionária, algo que –creio que desde 2003– a Academia de Ciências do Vaticano, com seus 29 prêmios Nobel entre os 80 acadêmicos, já tinha definido, em sessão exclusivamente dedicada a caracterizar o início da vida humana.

A intenção deste artigo não é polemizar, mas demonstrar que a melhor solução, respeitando a dignidade da vida humana, é buscar soluções terapêuticas, a partir das células adultas reprogramadas, conforme as experiências de Yamanaka – que acaba de ganhar o prêmio Nobel deste ano – sem quaisquer riscos de destruição de seres humanos, na sua forma embrionária, e com resultados terapêuticos cada vez maiores e melhores, os quais começaram a ser alcançados desde os tempos em que as experiências se faziam exclusivamente com as células adultas, ainda quando não reprogramadas.