Por Paulo Timm
Há dias o Senador Cristovam Buarque escreveu um artigo intitulado “ Ainda não caiu a ficha” no qual evidencia que o Brasil está em meio à uma revolução e que os líderes políticos ainda não entenderam nada. Não sei se já vivemos uma “revolução”, mas que nossos políticos não estão entendendo nada, isso eu tenho certeza. Todos eles, aliás, tentam posar de bonzinhos, principalmente Renan Calheiros, Presidente do Senado, um dos alvos do clamor das ruas. Suas “ bondades” já preocupam o Palácio do Planalto, onde ele foi chamado, semana passada, para ser advertido de que o saco de dinheiro público já está vazio. Por todo o país ecoam vozes de descontentamento com nossa cultura política e abundam artigos de analistas demonstrando o insofismável: Chega! A sociedade brasileira amadureceu e não suporta mais um sistema político herdado do colonialismo escravista que transforma magicamente detentores de cargos públicos em verdadeiros faraós. Enquanto em países ricos Governantes habitam em casas simples, como a famosa residência do Primeiro Ministro Britânico, em D. Stret, em Londres, no Brasil abundam Palácios, mordomias e …jatinhos. E diga-se de passagem: Metade da população trabalhadora, segundo o Censo de 2010, que até pode estar superestimando a cifra, ganha até meio salário mínimo. Ora, assim não dá mesmo. É hora de mudar essa cultura oligárquica e patrimonialista.
Duas notas no Face me chamam a atenção, a propósito deste assunto.
A primeira, diz que Prefeituras criaram 64 mil cargos comissionados em quatro anos. Isso é um absurdo:
PREFEITURAS CRIAM 64 MIL CARGOS COMISSIONADOS EM 4 ANOS
Nos quatro anos de mandato entre 2008 e 2012, os prefeitos do
país criaram 64 mil cargos comissionados – aqueles para os quais
não é necessário fazer concurso público, e que costumam ser
loteados por indicação política. Juntos, eles lotariam os oito maiores
estádios da Copa de 2014.
Dados: IBGE – Pesquisa de Informações Básicas Municipais
Segundo o C. Abramo, Presidente da ONG Transparência, esses cargos são a maior fonte de poder discricionário e corrupção no setor público. Começam na esfera federal, onde pululam mais de 20 mil desses cargos, para os quais não se exige nada mais do que a indicação de um político da Base Aliada, para ser nomeado. E não se restringe ao Executivo. Agora mesmo a imprensa dá conta da quantidade desses cargos no Judiciário, beneficiando sem critérios parentes de Juízes. São, como diz matéria da FSP, os filhos da Corte:
Filhas da corte
LEANDRO COLONDIÓGENES CAMPANHADE SÃO PAULO
Para o governador do Rio, Sérgio Cabral (PMDB), a advogada
Marianna Fux, 32, é “respeitada” e “brilhante”.
Na avaliação de Ophir Cavalcante, ex-presidente nacional da OAB
(Ordem dos Advogados do Brasil), o currículo da colega Leticia
Mello, 37, “impressiona”.
A mesma opinião tem o experiente advogado José Roberto
Batocchio: “É uma advogada com intensa militância, integra um
grande escritório, com ampla atuação no Rio”.
Meses atrás, o mais novo ministro do STF (Supremo Tribunal
Federal), Luís Roberto Barroso, exaltou as qualidades de Leticia
numa carta enviada a desembargadores do Tribunal Regional
Federal da 2ª Região, com jurisdição no Rio e no Espírito Santo.
Em troca, ela prestigiou a posse dele no STF. As duas advogadas são filhas de ministros do Supremo. Com
poucos anos de advocacia, estão em campanha para virar
desembargadoras, juízas da segunda instância.
Filha do ministro Luiz Fux, Marianna lidera as apostas para
substituir o desembargador Adilson Macabu, que se aposenta no
Tribunal de Justiça do Rio nesta semana.
Se for bem sucedida, ela terá um salário de R$ 25,3 mil e regalias
como carro oficial e gabinete com assessores.
Filha do ministro Marco Aurélio Mello, Letícia pode conseguir coisa
parecida. Ela foi a mais votada numa lista submetida à presidente
Dilma Rousseff para o preenchimento de uma vaga no TRF do Rio.
Leticia é mais experiente do que Marianna. Formou-se em 1997 e
trabalha num escritório de prestígio. É considerada no meio jurídico
uma advogada promissora, mas que dificilmente chegaria tão cedo
a uma lista tríplice se o pai não estivesse no STF.
Em entrevista à Folha, Marco Aurélio saiu em defesa da filha: “Se
ser novo apresenta algum defeito, o tempo corrige”. Ele procurou
desembargadores para tratar da indicação da filha, mas nega ter
pedido qualquer coisa. “Jamais pedi voto, só telefonei depois que
ela os visitou para agradecer a atenção a ela”.
No TJ do Rio, há registro de apenas cinco processos em que Leticia
atuou. No TRF, onde ela quer ser desembargadora, não há
menção. Leticia formou-se no Centro Universitário de Brasília e não
tem cursos de pós-graduação.
“Há muitos que têm diversos canudos debaixo do braço e deixam a
desejar”, diz Marco Aurélio. “É pecado [a indicação]? É justo que
nossos filhos tenham que optar por uma vida de monge?”
Leticia e Marianna disputam vagas do chamado quinto
constitucional, reservadas a juízes indicados pela OAB.
O ministro Fux foi desembargador do TJ do Rio no início da carreira
e conhece quem pode ajudar sua filha. A votação no tribunal deverá
ser aberta. Um integrante do TJ diz que isso pode criar
constrangimento, se algum ex-colega de Fux quiser se opor à escolha da sua filha.
Marianna formou-se há dez anos pela Universidade Cândido
Mendes, no Rio, e seu currículo exibe uma pós-graduação em
Teoria das Obrigações e Prática Contratual pela Fundação GetúlioVargas.
A FGV informou à Folha que não se trata de pós-graduação, mas
de um curso de extensão universitária de quatro meses. Marianna
atuou em apenas seis processos no TJ do Rio: um sobre extravio
de bagagem, os demais sobre espólio e dano moral. Em abril deste ano, o advogado Sérgio Bermudes, que é amigo de
Fux e emprega Marianna, organizou uma festa para comemorar o
aniversário do ministro. Os desembargadores do TJ foram
convidados, mas Fux cancelou o evento após sofrer críticas.
O presidente da OAB do Rio, Felipe Santa Cruz, diz que ainda não
foi aberta a lista para a qual Marianna poderá ser indicada. “Não
posso me manifestar sobre algo que não existe ainda”, afirmou,
sem negar a movimentação a favor da advogada.
Leticia Mello tem dois adversários mais experientes na lista
submetida a Dilma: os advogados Luiz Henrique Alochio, 43, e
Rosane Thomé, 52.
Eles preferem evitar a polêmica. “Espero que seja escolhido o mais
bem avaliado do ponto de vista da meritocracia”, diz Alochio. “Não
tenho grandes expectativas. A nomeação é tão sem critério,
aleatória”, afirma Rosane, que tem 30 anos de advocacia.
Procurada, Leticia disse que não se manifestaria sobre o assunto.
Marianna e seu pai não responderam aos pedidos de entrevista da Folha.
É contra isso que as ruas e praças estão se clamando. Não se trata deste ou aquele Governo, desta ou aquela instância do Poder. O povo brasileiro, mais seguro, mais educado – metade dos eleitores já têm nível médio e superior -, informado – todos os lares têm TV e 75% têm acesso à INTERNET, multiplicando os acessos às redes sociais , está repudiando este acúmulo de benesses dos detentores de cargos públicos.
Rede social popular na América Latina bate metas de audiência
correiodobrasil.com.br
Começou pela Argentina a construção de uma nova
rede social para o continente, o com objetivo de fazer
frente ao Facebook e se tornar a principal ferramenta de interação.
E se, como diz o Senador Cristovam, os líderes continuaram fazendo ouvidos moucos ao grito de guerra que eclodiu em junho, serão literalmente atropelados. Aí vai fazer sentido a advertência do Governador de São Paulo, reverberada, ontem por vários analistas da conuntura (Dia 14 de Julho, Tomada da Bastilha – Início da Revolução Francesa) : – Não vai haver guilhotina suficiente pra tanta cabeça cortada… E olhe que o Governador não é um homem da esquerda revolucionária!
Outro post me chama a atenção: Do jornalista Renato Riella, de Brasília.Ele destaca que o momento da ruptura será a vinda do Papa Francisco, no fim do mês. (Renato Riella)
Anotem: depois que passar pelo Brasil o papa franciscano Francisco, o Chico, não ficará pedra sobre pedra na cabeça dos brasileiros. Será na próxima semana.
Já mostrei aqui que, na viagem de 1980, o Papa João Paulo II deu um choque na ditadura, ao falar durante 12 dias sobre liberdade e melhor distribuição de riquezas no Brasil, entre outros temas que eram proibidos desde 1964.
O Papa Chico falará sobre simplicidade no ser, nivelamento de seres humanos nos seus melhores valores, combate ao desperdício, condenação profunda às vaidades imbecis – e de quebra combate à bandidagem nas áreas públicas, seja no Brasil ou no próprio Vaticano, onde ele tenta expurgar as máfias.
Pedra sobre pedra…Quem viver verá.
Na sua despedida, brasileiros saberão que um homem público pode dormir em cama de solteiro, num alojamento católico, comendo junto com colegas – mesmo sendo o ser mais poderoso do mundo.
Nada deve mudar quando um homem é apenas um homem.
Estamos, pois, vivendo momentos dramáticos na nossa história. Como dizia o Velho Marx: Há anos que passam como dias, e dias que valem por anos. Estamos exatamente num momento desses. E o próprio Ex-Presidente Lula, que não é tolo, nem esperou a visita da Presidente Dilma a São Paulo. Foi à Brasília abrir-lhe os olhos: -´É hora de mudar tudo” , teria dito. Outro ex-Presidente, FHC desde 2011, quando publicou um clássico artigo na Revista Interesse Nacioanl (Ed.abril) também reitera que os Partidos faleceram em sua missão organizadora da Política e que o momento é grave. Os dois outros ex, vivos, parece que ainda não se tocaram: Collor, sempre próspero nos negócios, está preocupado em fazer indicações para a ETROBRÁS e Sarney, sábio, certamente preocupado com os seus botões…
Mas quem viver , verá. Onde tem um, tem dois, tem três. E quando chegamos a dois milhões nas ruas, bem podemos alcançar um múltiplo das mobilizações de rua da próxima vez…