Arquivo de Julho 2013

HABEMUS PAPAM

Julho 31, 2013

Por Beatriz Alcântara

segunda-feira, melancolia,

o Papa Francisco, tão íntimo

daqui de casa nessa semana,

partiu, maletinha preta na mão

e sorriso humilde, acenava adeus.

Levou saudades da terra e das gentes,

deixou-nos o exemplo da simplicidade

a certeza, o conforto e a esperança de

poder ser feliz entre as ações do bem

mantendo Deus Pai no coração.

1ª Feira Literária e Musical do Clube Português – tema música popular

Julho 31, 2013

conviteOcorre em 1º de setembro, a 1ª. Feira Literária e Musical, com apresentações culturais de escritores e músicos. Uma realização do Depto. Cultural do Clube Português.

A feira procura promover a importância da literatura e da música como ferramentas para se incentivar a cultura no país, e também, o intercâmbio entre autores e músicos.

Confirmaram presença os músicos prof. Roberto Bueno, Presidente da OMB/CRESP, Ribas Martins, Raimundo José e Helena Cabral; os escritores Ayrton Mugnani, Diego Nunes,
Thais Matarazzo e Pedro Thomaz Memorialista. Walter Manna, produtor e apresentador do programa “Solo Tango” (Rádio Trianon AM), que está comemorando quatro anos de existência, também se fará presente e trará representantes da música portenha para apreciação do público.

A programação completa está no blog: www.bibliotecaclubeportuguessp.blogspot.com

O evento conta ainda com o apoio da Ordem dos Músicos do Brasil – seção São Paulo.

A entrada é franca e a classificação é livre.

Serviço

1ª Feira Literária e Musical do Clube Português

Quando: 1º de setembro. Das 14 às 18 horas.

Onde: Clube Português – Rua Turiassú, 59, Perdizes

Quanto: entrada gratuita

Informações: 3663-5953 ou biblioteca@clubeportuguessp.com.br

O bêbado e o plagiador

Julho 19, 2013

Por Nilto Maciel

Encontrei-me, por acaso, com Jonas Ramalho, músico sem sucesso. Não gosta de ser chamado de músico fracassado. Conhecemo-nos há alguns anos. Bebíamos além do permitido. Naquele tempo, “o bêbado com chapéu-côco,/ fazia irreverências mil/ pra noite do Brasil”. Eu me iniciava na literatura (arranhava uns versos, inventava umas frases). Ele me corrigia: este verbo não está bom aqui; este adjetivo deve ser varrido. Aparentava ser doutor em quase tudo. E o governo? Se conseguir debelar a inflação… Dava de goleada em mim, se falávamos de futebol. O time do Vasco valia uma seleção brasileira. E citava nomes antigos: Barbosa, Bellini, Orlando, Sabará, Ademir, Vavá. Entendia de mulheres: Está vendo aquela de saia verde?

Jonas ainda não compunha música, mas tocava violão e bebia um bocado. Certamente em troca de uma hora de reprodução de canções italianas, no pequeno palco de um bar. Tentava se parecer com Jimmy Fontana: “Il mondo non si é fermato mai un momento, la notte insegue sempre il giorno ed il giorno verrà!”

Depois de vinte anos sem nos vermos (trocávamos carta, livro e disco, de ano em ano), convidou-me para uma conversa. E me conduziu a um bar. Prometi-lhe duas cervejas, apenas. Precisava voltar cedo para casa. Minha mulher me esperava para o jantar. Aniversário dela. Sorriu. Você não gosta de aniversário?

Depois de sete cervejas, não tínhamos falado de quase nada, a não ser de plágio. Ele fazia questão de explicar, o todo tempo, o significado de tão usado vocábulo. Eu replicava: há diversos tipos de plágio ou imitações. Ele se zangava: todos os plágios têm a mesma compleição; só quem plagia é quem nada sabe criar. Deixei de usar o vocábulo plágio e passei a empregar arremedo, contrafação, imitação, paródia, pastiche. Até chegar ao conceito de intertextualidade. Além disso, não fosse o arremedo, nada mais restaria fazer em arte. Os modelos são continuamente copiados e modificados. Jonas se irritava, batia as mãos na tábua da mesa, derrubava garrafas. Eu lhe pedia calma.

 Resumirei o pensamento de meu velho amigo músico: falsifica quem não sabe criar. Plagiar é se servir do modelo (forma), do invólucro, para renovar o recheio. Assim, copiou quem, na sua forja, não soube ser fiel a si mesmo e só conseguiu arremedar Os Lusíadas. Eu rebati: não é isto possível. Ninguém pode criar outro monumento como aquele. É enganar-se, antes de querer engabelar os outros. Além disso, se fulano é capaz de parodiar Os Lusíadas, poderá também ter habilidade suficiente para erguer ou pintar catedral igualmente bela. Talvez não se conclua com a qualidade daquele, mas não deixará de ter grande valor. Nesse caso, apenas se aproximou da obra-modelo. Não seria assimInvenção de Orfeu, de Jorge de Lima? É a tal imitação consciente. “A garupa da vaca era palustre e bela, /uma penugem havia em seu queixo formoso; / e na fronte lunada onde ardia uma estrela / pairava um pensamento em constante repouso”. Há ainda os copiadores inocentes: nem sabem de onde vem o original. Lembram o homem à margem do riacho, ignorante do caminho da água ou da nascente.

Jonas me acusava de imitador, plagiário, copista. Íamos pela quarta garrafa. O garçom se impacientava. Terminaria aquilo em briga, cabeças quebradas, prisão. E como custara arranjar aquele empreguinho! Não deixei mais o músico revoltado abrir a boca. Se quisesse tocar trombone, não tivesse vergonha. Se preferisse cantar, então se esgoelasse. Tomei conta da palavra.

O meu caso é mais grave: não estudei literatura, não tive orientação de ninguém, aprendi a ler nos contos da carochinha, nas orações da Igreja Católica, nas missas, nos missais, na Bíblia, nos jornais velhos, nos compêndios de História, nos gibis, nos panfletos, nas letras (poemas) das canções antigas. Por isso, meus personagens são donzelas violadas (Aída Cury), rainhas e reis decapitados (Ana Bolena), bandidos e mocinhos em cenas de sangue na Avenida São João. Não estudei técnicas de versificação nem regras de narração. Por isso, aqueles textos semelhantes a lições de História: Henrique VIII e a decapitação de Ana Bolena. “As núpcias do arquiduque Filipe e da duquesa Isabel enseja­ram dias e dias de festa no castelo” (“Anedota medieval”, in Itinerário). Ou notícias de jornal: fulano matou sicrano, “por ciúme ou por despeito”, e por“achar-se com o direito de querer me humilhar”.

Nunca escrevi contos ou poemas, porque não me ensinaram a fazê-lo. Doutrinaram-me e só aprendi a rezar, a decorar a ave-maria, o pai-nosso, o ato de contrição. Ofereceram-me tragédias: “Disse um campônio à sua amada / minha idolatrada, diga o que quer (…) // E ela disse ao campônio a brincar / Se é verdade tua louca paixão / Parte já e pra mim vai buscar / De tua mãe, inteiro o coração”. Ia das páginas escolares ao tempo dos lobos e das princesas. Disse um lobo mau à menininha… “Perdoa-me, Senhora!… Eu sei que morro… / É tarde! É muito tarde!…”

O bêbado ainda cantava canções esquecidas, porém já não me reconhecia: “Quem é você que não sabe o que diz? / Meu deus do céu, que palpite infeliz!” Eu o irava mais ainda e cantarolava: “Batuque é um privilégio. / Ninguém aprende samba no colégio”.

Meu primeiro inominável plágio ocorreu num dia de desamor e desespero. Minha amada, tão linda, tão olhos de morango, tão boca de saudade, tão inquieta, tão cheia de si mesma ou de ninguém, sumiu de minha rua, de minha escola, desapareceu de mim. “A flor do meu bairro tinha o lirismo da Lua”. Em estado de catalepsia, corri os campos e cheguei à beira do caminho. Porém, no meio do caminho tinha uma pedra. Tropecei e caí. Sucumbi à borda de um abismo. E o mirei, assustado. Havia um livro aberto entre o pavor e o silêncio. Sosseguei, abaixei-me. E estava escrito: “Vês! Ninguém assistiu ao formidável / Enterro de tua última quimera. / Somente a Ingratidão — esta pantera — / Foi tua companheira inseparável!”

No decorrer dos anos, outros amores me arrebataram. E outras narrativas em prosa ou verso. Notícias de morte, ladainhas, músicas antigas, livros há muito esgotados. E também orações: “Deus meus, ex toto corde paenitet me omnium meorum peccatorum”. Arremedei-os um a um. Até me sentir o mais perseverante plagiador. Agora, prestes a voar para o infinito, copio a mim mesmo. Parodio a dor de ser, a terrível sensação de me saber perdido, tão achado me sinto.

O que se ouviu e o que ainda não se escutou das ruas

Julho 15, 2013

Por Saulo Krichanã Rodrigues

Muitas explicações por certo ainda serão destiladas para tentar decifrar o enigma das manifestações de junho: o inverno trouxe mais calor do que poderia sonhar a vã filosofia dos políticos, a sapiência dos marqueteiros, a profundidade rasa dos filósofos da mídia policialesca, de repente autotransformados em tradutores da alma popular.

Após uma semana de estupefação, ainda sem entender o que havia ocorrido, por via das dúvidas, todos vestiram as carapuças que lhes pareceram mais adequadas.

A presidente (a) – a quem se acusa de pouco ouvir (sic) os que lhe estão mais perto – resolveu ouvir (sic) sem intermediários os que estavam mais longe: se descobriu autista para entender o que lhe tentavam dizer.

E ainda ouviu (sic) o que não queria: que estava despreparada para entender o que os seus jovens e quase imberbes interlocutores lhe diziam sob o olhar igualmente vazio do Ministro das Cidades, para quem a questão da mobilidade urbana relatada parecia tão clara como uma declinação em sânscrito!

Não ouviu (sic) de seu Vice Presidente (um constitucionalista respeitado) o que acabou por ouvir do presidente do STJ (afinal ele mesmo pré eleito pela voz das ruas como o candidato independente de partidos). A quem também parece não ter dado ouvidos…

Pediu ao seu Ministro da Justiça que ouvisse (sic) o eterno presidente da oposição, que havia proposto em 1999 uma Constituinte Exclusiva para fazer a Reforma Política que o Congresso Nacional ceva há quase duas décadas, sobre o que achava da sua (dela) ideia de requentar o mote. E exilar o Congresso da ligação direta que ela queria fazer com as ruas….

E, ambos, presidente (a) e ministro, ao que parece sem ouvir (sic) o tutor de ambos: de quem, aliás, pouco se tem ouvido falar…

A ambos, o eterno presidente ao ver sua ideia passada ser revivida sem os respectivos créditos não se lembrou de aduzir a ambos, o que só viria a dizer mais tarde, quando se tornou pública a consulta que lhe haviam feito às escondidas. E para que afinal todos ouvissem (sic) e soubessem (tal como a reeleição?): “mas eu errei!!!”

Do outro lado da Esplanada, o Congresso se reunia até em dia de jogo de semifinal da Copa das Confederações, para passar todos os recibos que lhe haviam sido enviados: como ninguém é de ferro, acabou pegando carona nas asas da FAB como que para lembrar aos céticos e até então surpresos eleitores e analistas que suas vozes haviam mudado: “mas os seus cabelos (acaju) continuavam os mesmos”… como na velha propaganda do século passado.

Até os igualmente eternos presidentes de sindicatos e centrais sindicais – um exemplo de perpetuidade no poder que só encontra paradigma em algumas ancestrais tribos e nações africanas – ouviram (sic) de outra forma o que lhes diziam as ruas.

E decidiram replicar nas férias de julho, sem sorteio de mimos aos seus afiliados compulsórios, um dia de luta que a julgar pelos índices de mobilização e simpatia popular decididamente deve entrar no rol das sugestões que nunca deveriam ter sido aventadas.

Nesta Babel Auditiva singular, quem se esforçava tanto para ouvir (sic) não conseguiu escutar o que tanta gente afinal quis lembrar aos poucos que os governam.

No próprio Congresso, tramitava desde pouco antes das passeatas invernais de junho, a PEC 90, ainda não apreciada pelo Plenário, que propõe acrescentar ao capítulo dos Direitos Sociais da Constituição Federal o transporte urbano como um direito inalienável do cidadão.

Nesta categoria, ao lado da educação, da saúde, da segurança e de outros direitos, o transporte urbano passaria também a representar uma categoria de despesa da sociedade cuja cobertura deve se dar sempre por recursos de origem predominante fiscal.

Passam a ser de cobertura obrigatória dos entes federados (estados e municípios), de forma direta (via transferências de renda, ou via impostos e tributação) e – como sustenta o Movimento pelo Passe Livre e induz a própria PEC 90 –, não mais de forma indireta (via a cobrança de tarifas e a terceirização de serviços).

Comparando com a saúde pública – um dever do Estado e um direito do cidadão, conforme reza ao artigo 196 da Constituição – do cidadão atendido pelo Sistema Único de Saúde (SUS) não se pode cobrar qualquer tarifa ou ressarcimento pelo atendimento. Ainda que não se dê ou se garanta ou assegure a ele (o cidadão) a qualidade de saúde que merecesse afinal ser digna de qualquer remuneração direta…

A própria Carta prevê a possibilidade de que o setor privado supra as lacunas do setor público permitindo a existência da assistência privada de saúde, esta sim paga e remunerada pela oferta e qualidade dos serviços que oferece ao cidadão.

Mas, que na letra da lei, não deixa de se constituir em uma bitributação: afinal, os impostos diminuem a renda disponível na expectativa do que o que se transfere ao fisco volte na forma de benefícios. Se os benefícios não vêm, no médio ou no longo prazo, gastar para ter do privado o que deveria ser suprido pelo público, reduz duas vezes a renda disponível no montante dessa onerações.

Afinal, em tese, o que os governos arrecadam deveria ser alocado naquilo que o Estado, através da sua Constituição, se compromete a prover aos seus cidadãos: afinal, a Constituição é o primeiro e o maior “contrato” que um Estado tem para seus concidadãos.

Se não é possível garantir o cumprimento do que está escrito na Carta Maior para seus próprios concidadãos, como garantir a terceiros, do país ou do exterior, o cumprimento de outros contratos e obrigações de natureza não constitucional?

Ao serem convidados a defender no Congresso suas posições, em sessão da Comissão Geral criada para estudar a tramitação da já citada PEC 90, aos congressistas que se dispuseram a ouvi-los (sic), os integrantes do movimento que havia acendido o rastilho das manifestações de junho, deixaram bem claras as suas posições.

Ou seja, a mobilidade – no entender deles e ao amparo da PEC 90 –, é direito do cidadão e dever do Estado: deveria ter o status dos demais gastos primários como o do atendimento da saúde; ou do acesso e da promoção via a educação fundamental.

Ou seja, de fato a questão de fundo não se resume a tirar mais 20 centavos ou 15 centavos das tarifas públicas cobradas pelos entes federados em seus modais de transporte: mas tirar todos os demais centavos das tarifas de transporte públicos de massa.

Não cabe desonerar tributos sobre a receita dos concessionários porque não se cobrarão tarifas dos usuários dos serviços modais de massa. Não cabe também desonerar impostos incidentes sobre a produção de ônibus ou sobre o combustível a ser utilizado na movimentação dos meios de transporte ou na energia a ser usada pelos modais que usam a tração elétrica para a sua movimentação.

A matriz de arrecadação deve ser repensada para – uma vez julgada justa e aceita a proposta das ruas – embutir a proposta do “passe livre”.

Imediatamente ou através de uma sistemática de conversão negociada; e a partir de um determinado horizonte de tempo para que as demandas por este novo direito social proposto pela PEC 90 sejam consistidas com as demais demandas, hoje atendidas pelas politicas públicas de transporte publico e privado existentes no país.

Se é que elas existem: e se é que elas existem que sejam coerentes entre si.

Por exemplo, como consistir essa demanda com a desoneração de impostos para a compra de veículos próprios? Ou com a desoneração implícita do preço da gasolina e do diesel bancadas à custa da descapitalização da Petrobras, vis a vis aos preços do petróleo existentes no cenário internacional?

O que o choque termal das passeatas de junho colocou para a opinião pública e a população do país foi que o modelo de desenvolvimento do país chegou ao limite de suas contradições.

E pela ordem no que tange ao transporte urbano (sem considerar os demais direitos sociais previstos na Constituição):

Primeiro, que não é mais possível subordinar a noção de “governos” ao conceito maior de “Estado”: a vingar a tese do “passe livre”, o Estado deve prover o transporte público até o limite de sua gratuidade; e não o transporte privado individual e desonerado que entope as ruas e torna o “ir e vir” um exercício de paciência chinesa associado ao conforto fetal de uma lata de sardinha portuguesa.

Segundo, se vai ser bancado pelo Estado, é preciso que os diferentes “governos” que se sucedem a cada 4 anos passem a cumprir uma espécie de Plano de Conversão do Modal de Transportes. Onde couber – por exemplo – que haja um compromisso de construir X quilômetros de Metrô; Y quilômetros de Trens Urbanos; Z quilômetros de corredores de transportes a cada 4 anos – governo após governo – até que as necessidades básicas modais de transportes demandadas pela população sejam supridas.

Terceiro, seria rever o conceito das concessões do transporte público.

O transporte público dá prejuízo ao concessionário? Seria possível operar a tarifas mais baixas? O Estado deve assumir a operação do transporte de massa? Como fez na década de 20 do século passado?

Mas sem promover o mesmo “choque tarifário positivo” que então necessitava para purgar o congelamento tarifário imposto aos concessionários privados estrangeiros que então operavam os bondes: o que, aliás, redundou em mais de 1/3 da frota então pública avariada pelos usuários acostumados com o preço quase nulo das tarifas.

Em São Paulo, ao preço médio líquido entre R$ 2,20 a R$ 2,30 por passageiro transportado – quase 7,8 milhões de passageiros ao dia ou quase 200 milhões de viagem ao mês –, a receita total é da ordem de R$ 5,3 bilhões ao ano que somado ao subsídio declarado pelo governo local significa algo como R$ 6,4 bilhões ao ano (pouco menos do que o orçamento da saúde na cidade).

Uma Concessão de 20 anos que previsse a troca total da frota no início do contrato e no 12º ano da concessão (e uma margem sobre a receita ao investidor de 8,5% ao ano) tem uma taxa de retorno do projeto de concessão da ordem de 11% real ao ano (líquida da inflação e sem considerar ganhos financeiros de alavancagem do financiamento do projeto via BNDES).

Ou seja, está longe de dar prejuízo: pelo contrário, deveria prever o pagamento de outorga por parte do concessionário privado para a exploração das linhas, o que poderia ser revertido ao usuário do transporte público de massa sob a forma de menores tarifas (para todos ou para grupos de usuários como os idosos, estudantes, pessoa com déficit de locomoção e outras gratuidades previstas pela política pública de transportes).

Hoje, no entanto, o “choque tarifário” demandado seria de outra natureza: para ter a tarifa zero, o governo teria de tirar recursos primeiro do seu custeio eis que certas obrigações como saúde, educação e o pagamento das dívidas da lei de responsabilidade fiscal, são irrecorríveis. Os demais investimentos tão pouco podem ser afetados em detrimento de uma nova despesa contingenciada.

Além de taxar (pedagiando) o fluxo de carros nas marginais e no centro expandido para diminuir o tempo dos deslocamentos e otimizar a frota de cerca de 17 mil veículos de transporte de massa entre ônibus e vans. E onerar o custo da manutenção da frota individual, aumentando a CIDE, por exemplo.

Ou seja, singularmente, o modelo que promoveu o rastilho de reivindicações requer uma nova escolha política de prioridades e, por consequência, de atores políticos comprometidos com o que foi proposto.

A desoneração de impostos sobre os automóveis e a realidade tarifária da gasolina defenestraria qual parcela dos congressistas atuais?

No âmbito local, a prevalência do transporte de massa ao lado de um novo modelo de concessão (ou não, com o Estado através dos governos operando o transporte público) afastaria do poder quantos políticos proporcionais e majoritários eleitos sob o patrocínio dos grupos de interesse desse mercado que gira diretamente quase tanto quanto o orçamento da saúde na capital paulistana?

Os que marcharam ao lado dos que pediam o “passe livre” sabem que terão que contribuir com outras onerações sobre suas despesas correntes caso o governo não decida cortar o custeio corrente da máquina pública para bancar de fato o que ouviu (sic) nas ruas?

A resposta a essas questões – afinal de cunho distributivista – darão a medida da continuidade ou não das questões do inverno astral, após as férias e com a chegada da primavera a partir de setembro: ou seja, a nossa verdadeira primavera ainda pode estar por vir!

Ou seja, é preciso não apenas ouvir (sic), mas é preciso querer escutar (!) que o que se pediu nas ruas é um diametralmente oposto a tudo o que está por aí: das finanças públicas à teia de interesses que sustenta toda a representatividade política.

Realinhar as contas públicas para atender aos reclamos das ruas definirá uma nova matriz de interesses e, portanto, de representatividade nas casas legislativas de todo o país.

E, por extensão, no sistema jurídico, executivo e institucional que o sustenta: simples assim.

Complexo assim: em seus mínimos centavos!

Quer dizer: nos seus mínimos detalhes!

Jornada Mundial da Juventude – Uma Esperança

Julho 11, 2013

Por Felipe Aquino

Mais uma vez o Papa vai se reunir com a juventude do mundo todo. A juventude é uma força da Igreja dizia João Paulo II. Muitos  santos e mártires foram jovens que viveram profundamente o amor a Deus e a Igreja. Foram jovens Frederico Osanam, São Domingos Sávio, Maria Goretti mártir aos 12 anos, e muitos outros que testemunharam a fé sem medo, desde o pequeno São Tarcisio que morreu defendendo a Eucaristia.

Jornada Munidal da Juventude

Paul Claudel disse que “a juventude não foi feita para o prazer, mas para o desafio”. Ela ama o desafio, não se contenta com uma vida medíocre.  Jesus Cristo a encanta e arrasta porque aponta-lhes um novo caminho de vida, um sagrado desafio, a santidade, beleza, amor, liberdade verdadeira… O jovem sabe que seguir Jesus Cristo é um caminho árduo, mas que nunca decepciona. Ela está cansada de tantos maus exemplos dos mais velhos e das autoridades que não conhecem a Deus;  que lhes deveria dar provas de idoneidade e justiça, mas no entanto, o que recebem delas é a mais deslavada imoralidade, corrupção, falta de caráter e negação do sagrado. Só a fé e a Igreja podem dar aos jovens uma vida nova no meio de tanta podridão.

A juventude cristã está enfastiada de tantos descaminhos que lhe são hoje apresentados: uma corrupção institucionalizada, drogas, sexo vazio, violência, desrespeito aos direitos sagrados da pessoa humana e à vida desde a concepção até a morte natural, pornografia desenfreada, individualismo egoísta e um consumismo doentio que não sacia sua sede de felicidade.

Nossa juventude quer ouvir a voz de Deus, e a ouvirá em Madri, nesta Espanha que já foi orgulho da Igreja mas que agora a renega e assume ares ateus, anticatólico, desejando impor à juventude uma educação anticristã nas escolas. Mas o Papa lhes abrirá ainda mais os olhos para esses perigos.

Aqui no Brasil, em 1980, João Paulo II dizia aos jovens: “vocês são o belo horizonte desse país”; e em outra oportunidade: “Vocês são o futuro do mundo, vocês são a esperança da Igreja, e a minha esperança”. E o Papa Francisco repetirá essas palavras, não há dúvidas. Com a grandeza de sempre o Vigário de Cristo na Terra vai encorajar os seus filhos mais jovens do mundo todo a viver o Evangelho para transformar suas vidas e a sociedade. Ele vem para “apascentar as ovelhas jovens do Senhor”, corajosas, alegres, cheias de vida e dispostas a sacrificar a vida pelo Reino de Deus.

A JMJ é uma esperança, nunca é uma simples experiência de massa, sempre há algo novo, diverso e belo. O Espírito Santo estará presente como sempre, sempre novo, assistindo e guiando o Santo Padre para dizer aos jovens as palavras proféticas que hoje eles precisam ouvir. O foco será a pessoa viva de Jesus Cristo e de sua presença através dos Sacramentos, o único Senhor e Salvador, capaz de dar vida e sentido aos jovens. João Paulo II já lhes tinha pedido “não construir as suas vidas em cima de outro alicerce que não seja Jesus Cristo, para não desperdiçá-las.”

Liguemos as antenas da alma para ouvir a Voz do grande Pastor que vai aos jovens e ao mundo com a mesma coragem e disposição que Jesus percorreu as cidades da Galileia anunciando o Reino de Deus. “Convertei-vos, o Reino de Deus está próximo”. Crede  no Evangelho e fazei penitência.

Muitos jovens brasileiros hoje partem pelo mundo como missionários de nossas belas Comunidades de Vida e Aliança anunciando Jesus Cristo; é um orgulho para a Igreja e uma glória para Deus. Renova-se aqui a esperança da Igreja; o Papa sabe disso, por isso tem o desejo de vir aqui em 2013 confirmar seus irmãos menores na fé inabalável do Cristo Redentor, que estende seus braços sobre o Rio de Janeiro e sobre o Brasil.

Nosso Brasil que tantas graças recebeu de Deus através de nossa evangelização pelos católicos europeus, agora começa a pagar a Deus essa graça tão grande de sermos colonizados desde o início com a cruz de Cristo trazida do velho continente. Vinde Santo Padre, em 2013, vinde Francisco de Deus. O Brasil e a juventude lhe abrem os braços para recebê-lo. Vinde bendito de Deus; vinde ó “doce Cristo na Terra” (S. Catarina de Sena). 

Inauguração das Novas Instalações da Fundação António Quadros

Julho 11, 2013

AF_CONVITE_MAIL 13.07.2013

Docas de Lisboa

Julho 8, 2013

por Euclides Cavaco

As docas são predicado
Da Lisboa ribeirinha
Como antigamente o fado
Em qualquer tasca Alfacinha.

As docas são um feitiço
Da juventude de agora
Como antes era o castiço
Por essa Lisboa fora!…

As docas são um fascínio
A que o Tejo dá Bonança
Onde a noite é o domínio
E a qualquer hora é criança.

As docas são a alegria
Que à noite Lisboa tem
E por perto em companhia
Está a Torre de Belém.

As docas são lugar doce
Para muita mocidade
É quase como se fosse
O “Ex-Libris“ da Cidade!…

Nas docas pode sonhar…
Ver no Tejo inda a canoa.
Parar no tempo e ficar…
Junto às docas de Lisboa !…

Mestre Calasans Neto

Julho 5, 2013

por Cyro de Mattos

Mestre Calá era o chamamento carinhoso que as pessoas do círculo afetivo e a boa gente da Bahia davam  ao artista Calasans Neto. Assim chamado por seu jeito agradável de ser. Também por reconhecimento a quem soube imprimir uma linguagem pessoal  ao sonho, povoar de iluminados  olhares as zonas da criatividade artística. Era um homem simples. Foi ator de cinema, participou das Jogralescas no Colégio da Bahia. Ilustrador durante anos das Edições Macunaíma, editora que ajudou a fundar, de tiragens limitadas, baixo custo, preocupada com a feição gráfico-artística do livro. Pastor de cabras, impregnado da paisagem sob o sol escaldante do agreste. Marinheiro sedutor de baleias e sereias, navegador do azul no principado de Itapuã.

Suas ilustrações figuram em inúmeros livros de autores baianos. Qual o autor baiano  que não queria ter  seu livro com o desenho da capa e páginas internas com ilustrações do Mestre Calá? Jorge Amado ficava contente, contente, quando um livro seu tinha ilustrações de Mestre Calá. Eu tive a sorte de ter alguns livros ilustrados por esse  mestre com sua fina arte de gravar o mundo.  Natal permanente, Canto a Nossa Senhora das Matas, De cacau e água, Natal das crianças negras. E mais: a segunda edição de Os brabos, que  está para entrar no forno da Editora Ler, de Brasília, vem com quatro ilustrações  do  pequenino grande Calá.

Florisvaldo Mattos, Myriam Fraga, Frederico José de Souza Castro, Sonia Coutinho, Godofredo Filho, Carvalho Filho, Alberto Luís Baraúna, Guido Guerra, Fernando da Rocha Peres e Humberto Fialho Guedes são alguns autores baianos que tiveram seus livros ilustrados por Mestre Calá.  A lista dos que gozaram desse privilégio é grande. Para não se falar em textos  de poetas e ficcionistas baianos, publicados  em revistas culturais e suplementos literários. E de poetas bem grandes como Vinicius de Morais e Pablo Neruda.

Tinha prazer em ilustrar um livro de ficção ou poesia. Se fosse de autor baiano, melhor. Fortalecia os laços criativos do artista com os escritores da terra.  Tinha  a oportunidade de ver depois seu  trabalho conhecido pelos leitores do autor do livro. Ganhava assim recepção mais duradoura e maior o seu trabalho, que alcançava mais gente do que uma exposição, segundo ele.

Um livro ilustrado por Mestre Calá era uma coisa, sem a sua marca, outra. Transmitia beleza decorrente da harmonia de duas linguagens, a textual e a visual, que se apresentavam em momento rico da criação artística. Não houve livro publicado pelas Edições Macunaíma que não teve ilustrações, da capa e páginas internas, enriquecidas com o prodígio criativo de Mestre Calá. Nesses livros ficava visível tanto na concepção como na execução a marca do bom gosto artístico.

Conheci Mestre Calá, criatura aparentemente frágil, rapazinho com passos curtos de quem teimava em andar, quando eu cursava o clássico no Colégio da Bahia, lá pelos idos de 1955.  Soube que tinha sido vítima de poliomielite quando criança. Mas isso, que poderia ser um obstáculo instransponível, não impedia que ele estivesse ali mesmo no colégio, todos os dias em que houvesse aula.  Firme, altivo, com seu jeito fraternal, às vezes engraçado no prosear bem baiano, as amargas nem pensar.

Um dia fui encontrá-lo junto com outros estudantes. Saboreava o abará da baiana  Maria, o  melhor da Bahia, na opinião unânime  da estudantada que freqüentava o Colégio da Bahia (Central). Na entrada do colégio, embaixo do fícus frondoso, mostrava-se irritado. Falava que o abará e o  acarajé corriam sério perigo. Já havia baiana na cidade que estava cedendo à pressão do dólar e vendendo as iguarias aos turistas americanos com salada, molho de mostarda e maionese,  ao invés de molho de pimenta, pouquinho de vatapá ou caruru também pouquinho, vá lá, e camarão. O fato representava  um duro golpe ao acarajé e ao abará, que se tornaram saborosos ao paladar do baiano com o acompanhamento de seus complementos  naturais, ligados a uma tradição trazida de terras africanas. Os gringos não estavam nem aí se para os baianos o abará e o acarajé  não combinavam com salada e molho de mostarda. Para eles, sequiosos em impor sua cultura de dominação aos povos, abará e acarajé deviam ter salada e molho de mostarda  como no  hot dog e hamburg, observava o ferrenho defensor da culinária baiana com  raízes africanas.

Cativava ao primeiro encontro.  Qual era o segredo que  aquele hominho guardava para se mostrar sempre de bem com os dias, embora a vida fosse contrária a isso desde os sete anos de idade ? O amor de Auta Rosa, a companheira, a mulher e insubstituível musa de sua vida?  Sua saga surpreendente  na qual constantemente ele vinha recriando a vida com pinceladas, talhos vivos de um descobridor de gente, bichos e cores?

Com um metro e quarenta cinco centímetros de altura, esse príncipe de Itapuã   jamais fora pequeno.  Mostrou que a vida vale a pena, depende de nós mesmos fazê-la sem sobressaltos e depressões, se povoada de coragem, simplicidade, solidariedade. Com a goiva, o martelo e o formão nas argutas percepções  das manhãs e tardes.   Até com o pincel, sempre com as cores da natureza.

Calasans Neto nasceu em 11 de novembro de 1932, em Salvador, e faleceu na capital baiana, em 30 de abril de 2006.

 

A inútil derrubada da PEC 37

Julho 4, 2013

Por Ives Gandra da Silva Martins

Em preciso, incisivo e gráfico editorial, o “Estado” de 30/6 (A3) sustentou que a derrubada da PEC 37 por oportunismo político terá efeitos desastrosos. Da análise dos argumentos lá expendidos, como das manifestações inúmeras de constitucionalistas, ministros do STF – na ativa ou aposentados – e do texto da Constituição federal (CF) se percebe que, efetivamente, a decisão foi, sem maiores estudos, tomada por um Congresso acuado pela multidão, que desconhecia o que a PEC propunha.

Pessoalmente, em palestras e artigos, sempre me manifestei no sentido de que aquela proposta de emenda era rigorosamente inútil. Afirmava o que já estava na Constituição e não tirava do Ministério Público (MP) poder que nunca teve.

A polícia judiciária não é um órgão subordinado ao MP, mas ao Poder Judiciário. O artigo 144, § 4.º, da CF – cuja redação é a seguinte: “às polícias civis, dirigidas por delegados de polícia de carreira, incumbem, ressalvada a competência da União, as funções de polícia judiciária e a apuração de infrações penais, exceto as militares” – em nenhum momento estabelece que as funções de polícia judiciária e a apuração de infrações penais pertencem, simultaneamente, ao Poder Judiciário e ao MP. Declara apenas que são do Judiciário.

Não sem razão, o presidente do Tribunal de Justiça de São Paulo, desembargador Ivan Sartori, em entrevista ao “Estado”, declarou que a PEC 37 não pretendia retirar nada do MP, pois não se retira de alguém algo que esse alguém não tem.

As competências do Ministério Público não são idênticas às do Poder Judiciário. A Constituição federal outorga ao Judiciário o dever de julgar, correspondente ao disposto nos artigos 92 a 126 da CF (capítulo III do Título IV). Para completar as “funções essenciais à Justiça” – é esse o enunciado do capítulo IV do Título IV da Lei Suprema – prevê que duas instituições conformam o tripé da prestação jurisdicional, a saber: o Ministério Público (artigos 127 a 132) e a advocacia (artigos 133 a 135).

Estão em igualdade de condições. Numa democracia, o MP tem a função principal de acusador, em nome da sociedade, e a advocacia, a função de defendê-la. Por essa razão, como cláusula pétrea, imodificável, o constituinte garantiu que a defesa, nos processos administrativos e judiciais, deve ser ampla (artigo 5.º, inciso LV). O uso de adjetivo com tal densidade ôntica não foi despiciendo, mas garantia absoluta de que tal direito, o de defesa, é um dos sustentáculos de um regime democrático, posto que inexistente nas ditaduras. Por isso tal disposição é cláusula pétrea da Carta Magna, não podendo ser alterada nem por emenda constitucional (artigo 60, § 4.º, inciso IV).

As funções dessas duas instituições são, pois, iguais (advocacia e Parquet) e dependem do Poder Judiciário para a solução dos conflitos.

Ora, o delegado é membro da polícia judiciária. Não é polícia do MP. Por essa razão, deve presidir o inquérito policial, devendo remeter suas conclusões ao magistrado, a que se subordina, e não ao titular do direito de acusar. Este, pela própria Constituição, pode requisitar investigações aos delegados e acusar os delegados suspeitos de prevaricação (artigo 129, incisos VII e VIII) – não mais que isso, visto que são parte nas investigações e não podem ser “parte” e “juiz” ao mesmo tempo.

Assim é que a própria Lei 12.830, de 20/6/2013, regulamentadora da investigação criminal, dispõe que as funções de polícia judiciária e de apuração de infrações penais são exercidas exclusivamente pelos delegados (artigo 2.º), cabendo-lhes a condução da investigação criminal (§ 1.º do artigo 2.º). Como se percebe, nunca estiveram os membros do MP incluídos entre os que podem dirigir a investigação. A própria lei mencionada diz que não estão, referindo-se apenas aos delegados. Até porque, se os tivesse incluído, a lei seria inconstitucional.

Por essa razão, constitucionalistas do porte de José Afonso da Silva, Nelson Jobim, Cezar Peluso e Marco Aurélio Mello já se manifestaram no sentido de que não cabem ao Ministério Público funções policiais, até porque não é preparado para tanto. Os delegados, sim. Os membros do Parquet têm outras funções – relevantíssimas -, que estão explicitadas no artigo 129 da Carta Suprema do País.

Como se percebe, a derrubada da PEC 37 nada representou, pois o artigo 144, § 4.º, da Lei Suprema não foi alterado, continuando a prever que a polícia judiciária – não o MP – é constituída apenas por delegados de carreira, os únicos com competência constitucional para conduzir as investigações criminais.

O acuado Congresso, que pouco antes aprovara lei na linha da PEC 37 a fim de atender ao clamor da multidão, que desconhecia o tratamento constitucional e legal do tema, derrubou a desnecessária proposta. Aprovada ou não, não modifica a clareza do artigo 144, § 4.º, da CF, ao estabelecer que apenas aos delegados cabe a apuração de investigação criminais.

Termino este breve artigo reiterando que o Ministério Público deve cuidar de suas relevantes funções, e não pretender invadir funções de outras instituições, para as quais não são devidamente preparados promotores e procuradores.

O povo foi às ruas contra a corrupção. O MP declarou que a PEC 37 era a PEC da Corrupção, como se todos os delegados fossem corruptos e todos os membros do MP, vestais. E o povo, contrário à corrupção, pensou ser verdade a marqueteira afirmação. Como o tempo é o senhor da razão, e como a Constituição não foi mudada, à evidência continuam os delegados a ser os representantes do Poder Judiciário e continuarão os membros do MP sem competência para conduzir as investigações criminais, a teor do que dispõe o artigo 144, § 4.º, da Lei Suprema. Cumpre-lhes, todavia, exercer suas relevantes funções, que não são poucas, em prol da sociedade. Mas apenas estas (artigo 129).

Maria Bethânia e Cleonice Berardinelli homenageiam Fernando Pessoa na FLIP em Paraty

Julho 3, 2013

Fernando Pessoa feira do Livro de Paraty BetaniaFernando Pessoa será tema da mesa 9 no dia 05/07 (sexta-feira) na 11ª edição da FLIP – Festa Literária Internacional de Paraty, que decorrerá de 3 a 7 de Julho, e juntará no palco daquele que é o mais importante festival literário do Brasil a cantora Maria Bethânia e a professora emérita Cleonice Berardinelli.

Em Março de 2010, Bethânia e Berardinelli receberam no Rio de Janeiro a medalha Ordem do Desassossego, atribuída pela Casa Fernando Pessoa. Dona Cléo, como lhe chamam os amigos e ex-alunos, tem 96 anos e há mais de cinco décadas que se dedica ao estudo da obra do poeta. No seu álbum mais recente, Oásis de Bethânia, lançado em 2012, a cantora interpreta Não sei quantas almas tenho, de Pessoa, mas desde 1971 que tem integrado nos seus espectáculos e em discos poemas de Pessoa e heterónimos, excertos do Livro do Desassossego, etc.

O autor homenageado da próxima edição da FLIP é o escritor, jornalista e político Graciliano Ramos, já que no próximo dia 27 de Outubro comemoram-se os 120 anos do nascimento do autor de Vidas Secas. (fonte: Público)

Fonte: http://mundopessoa.blogs.sapo.pt/

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