ANTÓNIO FERRO – OS PRIMEIROS ANOS: 1895 / 1916

Publicado Janeiro 28, 2015 por por autor
Categorias: Crônica, História, Lingua Portuguesa, Literatura

por Mafalda Ferro

António Ferro, 1896

António Ferro, 1896

Filho de António Joaquim Ferro, natural do concelho de Beja, freguesia de Baleizão e de Maria Helena Tavares Afonso Ferro, natural de Tavira, António Ferro nasce no dia 17 de Agosto de 1895, em Lisboa, o terceiro filho da família.

Criança calma e reservada, bem integrada e sem problemas escolares, António Ferro começa desde pequeno a acompanhar o pai a comícios republicanos. Será talvez desde então que começa a interessar-se pelo percurso de personalidades que ocupam cargos políticos e de poder e, também, a consciencializar-se da força da Palavra.

António Ferro, retratado por autor não identificado.

António Ferro, retratado por autor não identificado.

Ainda muito novo, frequentava uma barbearia situada em frente de sua casa que, segundo ele, “era um verdadeiro centro político republicano: Passava aí a maior parte dos meus dias, não perdendo uma palavra do que ouvia – entre republicanos exaltados, apóstolos sinceros, verdadeiros fanáticos, homens que falavam da República, como se a República tivesse forma humana”.

Foi nessa mesma barbearia que conheceu, entre outros, João de Meneses, Alexandre Braga, Fernandes Costa, Heliodoro Salgado, Afonso Costa e, ainda, António José de Almeida com quem mantinha uma original relação: “Gostava de conversar comigo e gostava de me ouvir”.

Achava graça àquele rapazinho que papagueava os seus discursos, o “menino-prodígio” que repetia, conscienciosamente, para quem o queria ouvir, os seus argumentos e as suas frases (…)”. Por essa altura, António Ferro convence-o a escrever um depoimento para o seu jornalinho escolar, o “República”. Foi, segundo deixou escrito, um dos dias mais felizes da sua vida: “E com o meu lápis de colegial, numa folha de papel que eu lhe estendi, timidamente, António José de Almeida, futuro director da «República», futuro presidente da «República», escreveu um artigo de fundo (um grande período chegava para encher uma coluna), para a minha Republicazinha, para a minha Andorra”. 

É essa a primeira “grande entrevista” de António Ferro.

A partir de 1910, ainda estudante na Escola Francesa, e mais tarde, como aluno do Liceu Camões, colabora em comissões de festas liceais onde diz, ou se dizem, versos seus e onde, também esporadicamente, representa peças teatrais.

António Ferro com amigos do liceu. No verso: Ao Amigo Ferro offerece Américo Nascimento como recordação das festas carnavalescas do Lyceu Camões de 1912.

António Ferro com amigos do liceu. No verso: Ao Amigo Ferro offerece Américo Nascimento como recordação das festas carnavalescas do Lyceu Camões de 1912.

Programa “Grandioso Sarau dramático e dançante”, Colégio Francês, 23.04.1910

Programa “Grandioso Sarau dramático e dançante”, Colégio Francês, 23.04.1910

Em 1911, aluno do Liceu Camões, conhece Mário de Sá-Carneiro que abandona o liceu no mesmo ano da sua entrada. O poeta confia-lhe dois dos seus primeiros poemas, Quadras para a Desconhecida e A Um Suicida, ambos dedicados a Tomás Cabreira Júnior, com quem escrevera a peça Amizade e que se suicidara com um tiro, nas escadas do liceu aos 16 anos de idade.
Em 1912, em colaboração com Augusto Cunha, seu grande amigo do liceu e futuro cunhado, publicaMissal de Trovas, livro constituído por quadras ao gosto popular dedicadas a Augusto Gil e a Fausto Guedes Teixeira, que, em edição de 1914, foram acompanhadas de apreciações de Fernando Pessoa, João de Barros, Mário de Sá-Carneiro, Afonso Lopes Vieira e Augusto Gil, entre outros.
Entre 1913 e 1918, frequenta o curso de Direito na Universidade de Lisboa até ao quinto ano. No seu processo académico, uma entrada de 20 de Março de 1918 refere a sua inscrição “nas cadeiras e cursos que constituem o quinto ano da Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa”.

António Ferro demonstra desde muito cedo o espírito e a energia que o caracterizarão durante toda a vida. Convive com Mário Sá-Carneiro, Fernando Pessoa, Alfredo Guisado e Almada Negreiros, entre outros, e recebe-os frequentemente em casa dos pais para discutir livros e ideias até altas horas da noite.

Fernando Pessoa escreve no seu diário (30.03.1913): “Das 2 e ¼ às 4 e ½ em casa de António Ferro a ouvir-lhe três peças. – Leu duas. – Depois, para a Baixa com ele”.

Revista "Orpheu"

Revista “Orpheu”

Revista "Orpheu" pag 01.

Revista “Orpheu” pag 01.

Em Março de 1915, António Ferro edita os dois números da revista Orpheu, por ser o único que não tinha ainda atingido a maioridade e, segundo Alfredo Guisado, “se surgisse qualquer complicação, a sua responsabilidade não teria consequências”. (Em Autores, Novembro de 1960.).

O primeiro número é dirigido por Luís de Montalvor e Ronald de Carvalho e o segundo, por Fernando Pessoa e Mário de Sá-Carneiro. São fundadores, além dos supracitados, Almada Negreiros, José Pacheco, Armando Côrtes-Rodrigues (Violante de Cisneiros), Raul Leal (Henoch), Alfredo Guisado e Eduardo Guimarães.
Ainda nesses anos, estabelece relações de amizade e corresponde-se com amigos como Augusto de Castro, Augusto de Santa-Rita e João de Barros.
António Quadros, em artigo no Diário de Notícias (14.11.1957), lembra uma frase do pai “Em pleno centro de Lisboa, no Rossio, surgiu há pouco tempo remodelado o velho restaurante “Irmãos Unidos”, onde o grupo costumava reunir-se, pois o poeta Alfredo Guisado era filho do proprietário”.


Novembro de 1912  

António Ferro, 1912, no seu quarto da rua dos Anjos em Lisboa.

António Ferro, 1912, no seu quarto da rua dos Anjos em Lisboa.

Dia 25

Paris

Meu caro amigo.

Quando já supunha que você se desfizera em poesia ou em amor, veio-me a sua carta dar de tal um alegre desmentido – se é que seria triste sorte um corpo humano converter-se todo em estrofes geniais ou em beijos apaixonados.(…)

Escreva longamente dando mtas novidades. Bem vê como eu sou pronto em responder. Recebi a sua carta às 9h. da manhã e escrevo-lhe esta às 9 ½!…

O liceu como vai? O Bettencourt ainda é professor? Senão diga quem é o seu mestre de latim e português.
Enfim, diga mtas coisas como nesta carta, fale de gente conhecida, de teatros, de novas literárias ets., etc.

Um grande abraço e obrigado

  1. de Sá-Carneiro

50, Rue des Écoles

Grand Hotel du Globe

[Carta de Mário Sá-Carneiro para António Ferro]


Se nos lembrássemos sempre como éramos aos vinte anos, não nos atreveríamos a olhar, sequer, para quem tem vinte anos.

António Ferro
2 de Janeiro de 1953

 Bibliografia consultada

– “Retrato de uma Família: Fernanda de Castro, António Ferro, António Quadros” de Mafalda Ferro e Rita Ferro.

– “Subsídios Genealógicos para o estudo das famílias Galhardo e Bandeira de Mello”, volume I, de Ernesto Ferreira Jordão.

Tenho sede

Publicado Janeiro 13, 2015 por por autor
Categorias: Crônica, Política Brasileira

por Renato Nalini

Sem água não se vive. Verdade tão simples, mas tão ignorada. São Paulo passou 2014 às voltas com o fantasma da seca. Poucas chuvas. Esvaziamento rápido das represas. Mas a situação não era circunscrita ao nosso Estado. Todo o sudeste enfrentou crise idêntica. Fui de carro até Santa Catarina, para um encontro do Poder Judiciário e vi um Paraná saariano.

O problema é mundial e também universal, a falta de consciência. O lago Urmia, no Irã, que já foi um dos maiores lagos salgados do mundo, hoje é um campo abandonado. Há uma década, apenas, navios de cruzeiro cheios de turistas singravam suas águas e eram surpreendidos por bandos migratórios de flamingos. Agora não há sequer 5% da água original.

Mudanças climáticas, práticas perdulárias de irrigação, esgotamento de lençóis freáticos, tudo junto causa a escassez hídrica. E o lago Urmia não é o único a secar no Irã. Os principais rios próximos a Isfahan, no centro do País, e Ahvaz, perto do golfo Pérsico, já secaram. Assim como já ocorreu com o lago Hamoun, na região da fronteira com o Afeganistão.

Além da falta d‘água, a poeira dos leitos secos aumenta os níveis de poluição atmosférica no Irã. Aqui estão quatro das dez cidades mais poluídas do mundo, segundo a ONU. Não é diferente nos Estados Unidos. A Califórnia enfrentou em 2014 uma de suas maiores secas. O Projeto Hídrico Estadual, principal sistema municipal de distribuição, afirmou não ter água suficiente para complementar as reservas em declínio dos órgãos locais que fornecem água para 25 milhões de pessoas.

A última grande seca na Califórnia foi em 1976-1977 e a deste ano é ainda pior. A seca deixou os campos inóspitos, gado em condições de penúria e bolsões de poluição. Para B.Lynn Ingram, professor de ciências da terra e planetárias da Universidade da Califórnia, em Berkeley, é “a pior seca em 500 anos”.

Agricultores desistem de plantar, pecuaristas venderam o gado, pesca e acampamentos foram proibidos, os incêndios se multiplicam. Aqui não se nota maior preocupação com a restauração das matas ciliares. Continuam as aulas a ensinar crianças a decorar coletivos e o nome dos afluentes de rios que desaparecerão, em lugar de fazer as crianças plantarem mudas à margem dos leitos poluídos dos cursos d‘água que matamos de forma inclemente. O que nos espera amanhã?

Sinal escrito à mão na cerca de exploração agrícola durante seca no Texas. Fonte: http://keepcaliforniafarming.org/

Sinal escrito à mão na cerca de exploração agrícola durante seca no Texas.
Fonte: http://keepcaliforniafarming.org/

NATAL OCULTO

Publicado Dezembro 19, 2014 por por autor
Categorias: Poemas & Poesias, Religião

Por Beatriz Alcântara

 A noite venceu o dia e

a madrugada anunciou

que sobre as trevas

um raiou de sol nascia,

a esperança gerada pela fé.

O tempo venceu os séculos

e a tecnologia anunciou

a felicidade pelo consumo.

O desperdício quase seca a água e

a humanidade não achou serenidade.

O Natal Feliz está oculto

nas luzes do universo,

nas fitas de um DNA incerto.

Somos pequenos demais

para desvendarmos a paz

e frágeis, não reconhecemos

na crença em Deus,

a esperança gerada na fé.

CEIA DE NATAL

Publicado Dezembro 18, 2014 por por autor
Categorias: Crônica, Religião

Por Raquel Naveira

Lembrei-me de tudo. O momento quando soube que estava grávida. Um anjo anunciou a notícia em meu ouvido. Foi um presságio, uma revelação, uma certeza que encheu o quarto e a minha vida. Ele me disse que eu geraria um filho e me falou o augusto nome que eu lhe deveria dar.

Jovem e insegura, fui para a casa de uma prima, que me recebeu com carinho. Ali passei três meses e tecemos os fios, os grãos, os dias e as noites daquele tempo de espera.

O parto foi natural. Meu corpo era uma gruta e você foi saindo devagar como um sol nascendo entre minhas coxas. Limpei a placenta e o envolvi com faixas.  Seu pai ficou ao meu lado, silencioso, atônito diante do mistério.

Recuperei-me logo. Você estava forte, alimentado do leite de meu seio. Vestimos você com uma camisola branca de linho. Subimos a escada do templo e o apresentamos no altar. Não sei porque, mas uma espada atravessou minha alma naquela hora. Uma opressão. Você cresceu entre parentes e amigos. Tornou-se adolescente. Um adolescente causa aflições. Um dia você sumiu. Eu e seu pai o procuramos por toda parte. Você disse depois que já queria ser independente, andar sozinho, cuidar de suas próprias coisas. Doeu. Os filhos não nos pertencem. Sabia que você tinha uma missão, um ideal, uma estrela.

Você sofreu muito pelas ruas, pelas esquinas, pelo mundo. Viu cenas que o fizeram amadurecer. Quase foi esfolado como um cordeiro. Dentro de você havia um vulcão de angústia, de rebeldia, de carne comprimida, de fervor escaldante. Lavas de suor e sangue correram por sua face. Você se entregou totalmente a algo maior. É bom vê-lo criando. Criar é preciso. “Navegar é preciso, viver não é preciso”, é a máxima dos antigos navegantes fenícios e dos verdadeiros artistas.

Acostume-se. Há os que lavam as mãos. Os que vão chamá-lo de subversivo. Prisões, látegos, correias, cercas, vento açoitando, mar espumando ira nos cascos dos navios. Pancadas nas costas abertas como fruta esponjosa.

Não pense em glória, em ânsia de imortalidade, não foque nisso. Não ache que você é um rei. Aguarde críticas, ferrões, espigões, agulhas de cacto. Prepare-se para que enterrem em seu couro os espinhos das maldades. A trave pousada sobre seu ombro. O pulmão engaiolado entre os ossos. Ainda bem que sempre há um irmão e nos ajuda e consola nos momentos de martírio.

Você foi elegante nas dificuldades. Soube perdoar e suportar a ignorância alheia. Isso me alegrou, embora meu coração tenha se rasgado em duas partes como um véu roxo.

Disseram-me que você está longe, distante de mim. Escondido em algum canto, como seu eu o tivesse concebido ao contrário. Não canso de buscá-lo, de chamá-lo. Estou revestida de uma grande força, um fogo que me lambe.

Quem pode recompensar as obras, sofrimentos, penitências, lágrimas e virtudes de uma mãe? De alguém que errou só tentando proteger, livrar, poupar o filho e não conseguiu? Não queria anulá-lo com esse meu papel de mulher universal, de rainha, de medianeira que se intromete em seus assuntos. Que intercede por tudo e por todos. Queria apenas enobrecer minha natureza. Cabe-me agora, com humildade, dizer: _ Sou apenas mãe dele.

Tanto tempo que não o vejo. Que não ceamos juntos numa noite de Natal. Arrumarei a mesa com pães, peixes, flores, feixes de trigo, fitas verdes e vermelhas. Sei que desta vez, este ano, você virá.

Eu Creio Nessa Canção

Publicado Dezembro 17, 2014 por por autor
Categorias: Poemas & Poesias, Religião

por Cyro de Mattos

Por que os homens

Amam a droga

E não da abelha

Os favos de mel?

 

Por que os homens

Amam as balas

E não a paz

Sem nenhum fuzil?

 

Por que os homens

Só enxergam o chão

E não a estrela

Em seus caminhos?

 

Por que os homens

Perfuram a rosa

Com a ponta aguda

E mais dura do espinho?

 

Viver amargos,

Viver sozinhos,

Viver nos escombros,

Viver na vida desigual,

Viver dos horrores

Repetidos no holocausto

É do que os homens gostam?

 

Mas eu creio nessa manhã

Anunciada agora nas espumas

Dessas águas que passam.

Nos balões sobe e em flores

Puxa o dia pela cauda.

Quando chega a noite,

Espalha o amor no céu.

 

Eu gosto de ouvir nesta hora

Essa canção que me afaga

Falando duma união geral,

Que viver vale a pena

Quando a vida é uma dança

Com os homens como irmãos

No doce fruto da ternura,

No doce fruto da alegria

Sorrindo como criança.

SONHO DE PIÁ

Publicado Dezembro 16, 2014 por por autor
Categorias: Poemas & Poesias, Religião

Por Marilene Machado

Três guapos, rei magos da pampa,
um Iíndio velho, um Negro e um quase Branco,
campereavam pé no estribo em upa/upa,
perseguindo uma estrelita bem gaudéria,
que tinha um facho, iluminado, na garupa,

Venceram terras, invernadas, freguesias,
campos e sesmarias, léguas de caiboaté,
prá espiarem a estrela apear sua alegria,
nas frinchas de um galpão de santa-fé.

Achegam-se de carona, estes queras ,tão sem medo,
a-lá-putcha, (gritam eles), descobrimos um segredo,
é deus menino, anunciado, despilchado em um pelego.

Campechanos e caudilhos, cristãos por gosto e de Fé,
chimarreando contam causos , prá mãe Maria e José,
proseiam com Deus menino,afinam viola e palheiro,
chamando de Piá gaucho, o patrão deste pampa inteiro.

E foram índios e tropeiros,
que apadrinharam o Piá,
que nasceu nesta querência,
que foi chamado Jesus,
mas que no céu, foi morar.

DIA INTERNACIONAL DOS DIREITOS HUMANOS

Publicado Dezembro 15, 2014 por por autor
Categorias: Crônica, Política, Política Brasileira

Por Paulo Timm

No dia 10 de dezembro de 1948, na recém criada Assembléia da Organização das Nações Unidas – , Brasil presente, aprovou-se o Estatuto dos Direitos Humanos. Depois da Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão , na Revolução Francesa, em 1789, este foi  um marco da civilização. Nesta data, no mundo inteiro, celebra-se o DIA INTERNACIONAL DOS DIREITOS HUMANOS, lamentavelmente manchada neste ano com a revelação no Senado dos Estados Unidos  das mortíferas torturas praticadas na chamada guerra contra o terror e não menos condenáveis práticas do regime militar no Brasil entre 1964-85, relatadas pela Comissão da Verdade. O Estatuto dos Direitos Humanos teve como antecedente imediato o horror humanitário diante dos 40 milhões de mortos no combate ao nazi-fascismo na II Guerra Mundial e , como perspectiva, a precaução à todas as  formas de violência contra a dignidade humana, tão bem assinalada por Picco della Mirandola em seu “Discurso Elegantíssimo”  de 1557- . Embora este Estatuto não seja um documento  mandatório aos países da ONU,  ele serviu como base para os dois tratados sobre direitos humanos , com força legal, o Tratado Internacional dos Direitos Civis e Políticos, e o Tratado Internacional dos Direitos Econômicos, Sociais e Culturais.

A luta pelos Direitos Humanos, porém, não se esgotou na Declaração de 1948. Vários outros documentos ampliaram os conceitos aí contidos e os explicitaram para outros segmentos da sociedade, considerados vulneráveis, como as crianças, ou campos da vida humana, como a cultura.

Finalmente, como resultado de vários esforços no sentido de consolidar um consenso internacional em torno da defesa dos princípios dos Direitos Humanos, foram  criados Tribunais Internacionais: A Corte Internacional de Justiça e o Tribunal Penal Internacional, ambos com sede em Haia.

O Tribunal Internacional de Justiça não deve ser confundido com a Corte Penal Internacional, que tem competência para julgar indivíduos e não Estados. Este foi criado  em julho de 1998, com representantes de 120 países reunidos em uma conferência em Roma. O objetivo da CPI é promover o Direito internacional, e seu mandato é de julgar os indivíduos e não os Estados (tarefa do Tribunal Internacional de Justiça). Ela é competente somente para os crimes mais graves cometidos por indivíduos: genocídios, crimes de guerra,crimes contra a humanidade e os crimes de agressão. O nascimento de uma jurisdição permanente universal é um grande passo em direção da universalidade dos Direitos humanos e do respeito do direito internacional

A esta Corte  Penal Internacional qualquer pessoa, de qualquer parte do mundo, pode se dirigir, diretamente, no caso de sentir-se violada em algum dos direitos consignados como intrínsecos à condição humana. O Brasil é signatário do Tratado deste Tribunal desde 25 de setembro de 2002 e, portanto, pode  vir a ser julgado pelos crimes agora revelados pela Comissão da Verdade. Não como Governo, apenas no que tange aos apontados como criminosos, muitos ainda vivos.

Hoje, a perseguição destes imperativos todos , acrescidos do compromisso com a sustentabilidade do desenvolvimento no planeta, aprovado pela Eco-92, também convocada pela ONU, no Rio de Janeiro, se constitui em verdadeira estratégia da humanidade para o século XXI e contempla um elenco indivisivel , único e complementar de direitos civis, direitos políticos e direitos sócio-econômicos. Aqui reproduzo, como lembrança,  apenas, o artigo 1º da DECLARAÇÃO DOS DIREITOS HUMANOS:

DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS HUMANOS

Artigo I

Todas as pessoas nascem livres e iguais em dignidade e direitos.

São dotadas de razão e consciência e devem agir em relação umas às outras com espírito de fraternidade.     

Lançamento: “Mulher Oblíqua”

Publicado Dezembro 12, 2014 por por autor
Categorias: Evento, Livros & Autores, Poemas & Poesias

 

 

 

Por Beatriz Alcântara

Mulher Oblíqua Convite 2014 12 09

Exposição “Natal em Portugal”

Publicado Dezembro 8, 2014 por por autor
Categorias: Evento, Lingua Portuguesa, Religião

convite Natal em Portugal

Abraça-me

Publicado Dezembro 3, 2014 por por autor
Categorias: Crônica, Poemas & Poesias

por Saulo Krichanã Rodrigues

Abraça-me,
Como da primeira vez em que nos abraçamos;
Preciso sentir mais do que o seu corpo,
Preciso saber se ainda estás comigo,
Se ainda somos um do outro, como sempre fomos.

Abraça-me,
Como da primeira vez que senti o perfume do desejo,
Necessito morrer e reviver mil vezes se preciso,
Eis que o seu abraço é ao mesmo tempo o porto e a despedida,
A chegada e o riso, o choro e a saudade.

Abraça-me,
Como se fosse a última vez e como a vez primeira,
Mas abrace a minha alma de verdade,
Como se juntássemos em nós uma só criatura,
Pois preciso saber se ainda nos pertencemos.

Abraça-me,
Nem que seja um abraço de adeus para eu lembra-me sempre,
Capaz de reter por anos o calor quando a sua ausência se fizer mais que doída,
Abraça-me e nada fale, apenas me arrebate,
Para que em mim permaneças, quente, como o sol da tarde…