Archive for the ‘Artes Plastícas’ category

Arte e inutilidade

Fevereiro 24, 2014

Por Nilto Maciel

Impaciente, corri três vezes até o portão. Na quarta, quando ia encostar a venta no alumínio e vasculhar a rua, avistei aquela carinha linda do lado de fora. Para não demonstrar ansiedade, deixei-a acionar a campainha duas vezes. E, então, como se acabasse de me aproximar do portão, gritei: Já vai. Quem é? Sou eu. Eu quem? Janete. Meti a chave na fechadura, puxei a folha com chave e tudo e abri os braços. Desculpasse o suor: acabara de chegar do shopping. Ela me deu abraço muito sutil e entramos na casa, a mentir pelos poros.

Depois de cinco minutos nessa lengalenga, iniciamos a aula. Peguei Ar de arestas (São Paulo: Escrituras, 2013), de Iacyr Anderson Freitas, e me pus a tagarelar: Tenho acompanhado a trajetória literária (ou editorial) de Iacyr, desde os vagidos iniciais. Não me lembro do primeiro contato. Terá sido em 1982, ano de publicação de Verso e palavra? Recentemente (dezembro de 2010) referi-me a ele no artigo “A obra poética de Iacyr AndersonFreitas”. A mocinha examinava minha euforia: O senhor tem demonstrado admiração por ele. Concordo com suas palavras.

Pedi silêncio e me entreguei à parolagem: Em Ar de arestasverifiquei umas singularidades (não fosse o impresso agradável aos olhos e ao tato, pela capa dura, pelas fotografias de Ozias Filho, pelo tipo do papel e pelo formato menos comum): o poema (ou são vários?) é constituído apenas de quartetos, em rimas alternadas, quase todas dos tipos “ricas”, “agudas” e “graves”. O metro é sempre o de sete sílabas, a chamada redondilha maior. Janete Clair me fez calar: Será mesmo importante referir-se a isso? Possivelmente não. Entretanto, sempre é tempo de lembrar certas normas aos jovens. O senhor vê em Iacyr pura imitação de Drummond? Não, talvez nem se aproximem um do outro. Vejo mais semelhanças com João Cabral.

Reli alguns cantos em voz alta. Impus breve pausa e ela se aproveitou disso: Ele se refere às arestas da poesia? Pediu o objeto e se pôs a ler: ‘Surpreende-se a serpente / em cada naco de frase. / Ora, vagando, urgente, / ora fixa em sua base’. Li estas linhas e fiquei com a pulga atrás da orelha. A serpente seria o quê? Até me lembrei de Jorge de Lima.

Pego de surpresa pela astúcia (pode-se falar em inteligência?) da menina, tentei parecer mestre: Tudo é possível captar nos livros. Solicitei o volume e lecionei: Como na pintura abstrata. Na verdade, pressenti antes de tudo a dor humana cantada e chorada: ‘um vazio de nascença’, ‘ter por dentro essa falta’, ‘em si mesmo soterrado’.

Senti necessidade de passear ao redor de mim mesmo. Ao voltar ao sofá, ela disparou: É de alto nível? Não titubeei: Sim, de alto nível, embora o leitor menos experiente também possa alcançar o seu significado. Janete queria me irritar mesmo: Então o analfabeto não pode ler boa poesia? Ou a frase informal não tem qualidade? Deixe de preconceito, professor. Quase tive ataque apoplético: Acalme-se, jovem. Nunca me senti próximo do entendimento segundo o qual poesia de alto nível seja aquela entendida apenas pelos homens letrados ou intelectuais. Na verdade, nem pintura nem música carecem de entendimento. Basta senti-las. Porém, não restam dúvidas: há uma arte cerebral e outra dos sentidos. Às vezes, se confundem, são a mesma coisa. Música clássica é assim.

Minha secretária apareceu. Entendi ter chegado a hora de dar trabalho à garganta. Vamos tomar suco, Janete? À mesa, dedicamo-nos apenas a trivialidades: doce de mamão, chuva por vir, calor de trinta graus. E comemos e bebemos feito dois irmãos.

De novo acomodado no sofá, agarrei Bazar do Braz: Poemas & Anzóis (Goiânia: Kelps, 2012). Dediquei-me a manifestar admiração pela figura humana e pelo escritor Valdivino Braz. Conheço este poeta há quase meio século. Antes mesmo de me ir pra Brasília, já me correspondia com ele. Entretanto, só estivemos frente a frente em 1978, não sei se na capital do país, se na de Goiás. Foram abraços, cervejas, risadas, publicações. Janete me interrompeu algumas vezes: E continua essa amizade? Sim. Vez por outra, trocamos cartas, como antigamente. Os livros ainda circulam pelos ares.

Iniciei breve apresentação do Bazar. A moça quis saber minha opinião: Parece brincadeira? Sim, é galhofa pura. Valdivino é sujeito alegre, expansivo, como se dizia. Fala alto e grosso, irradia luz, embora seja pequenino e magro. Ultrapassei cinco minutos em elogio ardente ao poeta goiano, até ouvir reclamação: Não vai comentar o conteúdo? Sorri: O subtítulo dá início aos gracejos: ‘poemas & anzóis’. Pensei em pesca de pessoas. A sapeca opinou de novo: Quiçá não dê um passo além do humor. Não, ele nos leva a pensar e conversar. Não tem aquela seriedade ou sisudez de Iacyr. Também não se torna carnavalesco. Como em “Casa do Mané”, homenagem a Manoel Coutinho Carneiro, natural de Piripiri, Piauí, dono de casa de pasto (misto de bar e restaurante), no qual se oferecem, aos clientes, “típicos petiscos e pratos / de estilo caseiro, / tempero com esmero”. A menina é sabida: Lembra os repentistas. Corrigi-a: Não na medida do verso e na rima soante. A danada não se deixou abalar: Há nele textos em prosa muito debochados, na esteira do modernismo de 22, especialmente Oswald. Aproveitei a deixa: Tudo misturado, como convém ao modernista exemplar. A garota completou: Valdivino zomba dos tipos urbanos, em descrições minuciosas, caricaturas dignas de Gregório de Matos.

Deixei-a a resmungar e iniciei passeio pelos corredores. Sempre ajo assim, quando me sinto incomodado por visitas. De regresso à sala, vinha com a ideia de ler duas ou mais composições de meu amigo. Agora permaneça caladinha e ouça: “Um poliglota, o Hipólito. O hipopótamo. Cheio de línguas. Latim. Grego. Um esnobe. Uma íngua. Um chato de galocha. Etílicos, inchados, os olhos-bulbos. Um sábio com a boca cheia de vocábulos. Por mares nunca dantes navegados. Hipólito Sanchez, a pança. Ordenança de Quixote, citando Oscar Wilde: ‘Toda arte é absolutamente inútil’. Dose pra elefante”.

A estudante não me deixou ir adiante: Isso é poesia? E se for apenas inutilidade? Assustei-me. Tivesse cuidado com a língua. O senhor agora tem cara e modos de pastor evangélico.

Exposição de Pintura

Fevereiro 12, 2014

Convite - Casa de PortugalA Casa de Portugal, através do seu Depto Cultural e a artista plástica Elisa Oliveira, têm o prazer de convidar V. Exa. e família, para a inauguração da Exposição de Pintura, que terá lugar na Galeria da Casa de Portugal, no dia 13 de fevereiro (quinta-feira), às 19h30.

Serviço:

Casa de Portugal

Av. Liberdade, 602

Centro – São Paulo

Tel.: 3273-5555

Educação & Arte (Brasil x Mundo)

Fevereiro 4, 2014

por Francisco Miguel de Moura

Imagem para texto de FransciscoPrimeiramente quero dar meus parabéns ao Piauí (e por conta, ao Brasil) pelo sucesso da revista “EDUCAÇÃO & ARTE”. Ter uma publicação tão necessária e tão valiosa, abrangendo problemas que nos afligem, não é fácil. Problemas que atingem toda a sociedade brasileira enormemente e que se tornariam bem menores com a ajuda desinteressada de cada um e a participação séria, honesta e desabusada dos governos das três esferas, temos certeza. Sei que é muito fácil a gente ficar daqui dizendo “Façam isto, façam aquilo”, como se fôssemos realmente os mandões de tudo, o dono, o proprietário, o deus de todo o Brasil. Fácil é somente para os que não querem ouvir nem ler críticas, e ainda podem ameaçar-nos com processos judiciais e outras penas que não são ditas, somente murmuradas no íntimo de cada mandante afetado: “De agora em diante você não é nosso amigo, não há outro caminho: É nosso inimigo”. Acontece que eu sou brasileiro, filho de uma nação tradicionalmente democrática, embora não tenhamos chegado ao que queremos, como almas nobres, alevantadas para o lado do bem. E tenho comigo a liberdade de pensamento e palavra. Não sou jornalista, mas apenas dou minha opinião como qualquer brasileiro, com a diferença de que eu escrevo e assino embaixo: sou opinionista. Não sou conselheiro. Muitas vezes tenho acertado, noutras nem tanto, como é comum a qualquer mortal. Mas hoje quero fazer um pequeno paralelo entre o que eu disse e assinei como opinionista e o que foi publicado como notícia jornalística, na revista “Educação e Arte”, n° 5, editada em 2013, por uma seleção de gente competente como Nelson Nery Costa e Kleber Mourão, entre outros (aos quais peço desculpa por não poder citá-los por falta de espaço).

Neste segundo passo, quero fazer uma comparação entre duas matérias da revista em foco: a primeira, meu artigo “A educação é o maior bem de um país” (pg.5 e ss.) e a segunda, o informe jornalístico “Educação da Finlândia…”, cuja fonte é a própria Embaixada da Finlândia, como está dito ao final, pág. 23. Penso que os interessados em Educação e Cultura leram as duas matérias. Assim, não terei que me copiar nada para fazer o paralelo com o ensino e a educação no país nórdico. Então vamos por partes: Nos “rankings” da Educação, segundo dados da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), a matéria esclarece que nas últimas 4 avaliações a Finlândia ficou entre os primeiros lugares.  E o Brasil? Nós obtivemos a 53ª posição entre os 65 países que participaram da “enquete” avaliativa.  O mesmo informe diz que o Brasil tem voltado os olhos para lá, em busca de “desvendar o segredo”, se é que existe segredo, no sucesso da educação finlandesa. Mas parece que os profissionais brasileiros que foram lá observar não entenderam nada. Ou o(s) governo(s) daqui não entenderam aqueles profissionais? A última hipótese é a correta e denota a cegueira e a surdez do nosso poder público.

Meu artigo é de crítica porque, pelo que escrevi, sabe-se que não alcançamos a universalidade do ensino desejada, especialmente no que se refere ao grau de humanidades como eram chamados outrora os primeiro e segundo graus do currículo educacional. E não alcançamos no 3º grau também (universitário), não obstante a edição de leis e mais leis, algumas de exceção, outras de claro preconceito. A Finlândia já alcançou, pelo menos nos dois primeiros graus. Digo assim porque na Finlândia não dão mais destaque à tecnologia do que ao investimento humano. É nessa direção que a educação vai: igualitária e totalmente gratuita, colocando enfoque no professor (naturalmente bem formado e bem pago), colocando-o como definidor de metas e de formas de ensino. Outro ponto é a liberdade que as escolas têm de criar seus próprios métodos, de acordo com as necessidades locais. Que contraste com a nossa, totalitariamente dirigida por Brasília e direcionada a São Paulo/Rio como únicos produtores/consumidores de obras de literatura, ciências, arte e educação!

Lá, no modelo, o país nórdico, não há investimentos sem critério e controle, especialmente para a educação e a cultura. Jamais pensam em investir valores que não cheguem nem à escola e muito menos ao professor e ao aluno. Coisas simples e formais que aqui são valorizadas absurdamente, como a quantidade de horas necessárias (?), lá o que pesa é a qualidade do aproveitamento na própria sala de aula, sem necessidade, é claro, de deixar tarefas para casa. O respeito e o carinho com os alunos que têm dificuldades especiais também são levados a sério, tal como as aptidões de cada aluno, gerando um clima realmente educativo, cultural e artístico no sistema.

No final do meu artigo mencionado na revista “Educação & Arte”, eu prometi apresentar posteriormente um programa que realmente leve o Brasil a sair deste fosso em que as nossas crianças e jovens foram jogados e para onde os dirigentes do país pensam levar os que ainda não estão lá, como forma de fazer política pela quantidade. Meu programa realmente bate com esse da Finlândia, daí porque, com este artigo, me sinto desobrigado dele. Não obstante as visitas e estudos de autoridades e técnicos à Finlândia, sinceramente creio que os nossos governantes estão mais de olho nos sistemas educacionais de Cuba e Venezuela do que nos da Europa.

A DOR DO JOÃO

Dezembro 17, 2013

por Rita de Cássia Alves

Dói em mim a dor do João
Não dói não
Quem não viveu o que vive
Não sabe da dor do João

Abrindo as janelas da vida
Vive-se de circo e pão
Mas não se alimenta a alma
De perda e de solidão

Só quem viveu o que vive
Sabe da dor do João

Abre-se a janela da casa
Há na luz escuridão
Nenhuma flor tem perfume
O sim transformado em não

Se não sentiu o que sente
Não sente a dor do João

Estendo parcas palavras
Como quem oferece a mão
Abraço conforto ou naufrágio
Como se fosse presságio
Ou alucinação

Quem não viu o que viu
Não chora a dor do João

Cartas, mensagens, poemas
Carinhos em procissão
Ainda que tenha Maria
Amigos em romaria

Quem não perdeu o que perde
Não sente a dor do João

 

Poema que fiz para o querido João Candido Portinari.

Ser, o segredo do Coração

Agosto 27, 2013

Exposição em Fátima já teve mais de 155 000 visitantes

Por Marco Daniel Duarte

No início do 3.º ano da celebração do Centenário das Aparições de Fátima, o Santuário de Fátima inaugurou uma exposição evocativa da aparição de junho de 1917, patente ao público entre 24 de novembro de 2012 e 31 de outubro de 2013 (piso inferior da Basílica da Santíssima Trindade; todos os dias das 9h às 19h; entrada gratuita).

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Sob o título “Ser, o segredo do Coração”, desenvolvem-se seis núcleos através dos quais se desenrola uma narrativa que leva o visitante a fazer uma experiência, ora sensorial, ora reflexiva, acerca da temática do Imaculado Coração de Maria, que ali se vê tratada quer na sua componente histórica quer na sua componente teológica e espiritual, através de vários documentos e obras artísticas.

Para esta exposição foram chamados três autores a criarem propositadamente obras de arte (Cristina Leiria, Helena Langrouva e Ricardo de Campos), peças que convivem com espólio histórico-artístico do Museu do Santuário, do Arquivo da Diocese de Leiria-Fátima e com espólio oriundo de coleções particulares e de acervos de várias instituições religiosas e culturais.

Entre as peças de maior valia simbólica, encontra-se a escultura do Imaculado Coração de Maria, concebida por José Ferreira Thedim segundo as indicações da vidente Lúcia, que pela primeira vez saiu do Carmelo de Santa Teresa de Coimbra para onde foi esculpida em 1948. Também se encontram pela primeira vez expostos os manuscritos originais das Memórias da Irmã Lúcia, abertos nos fólios referentes à aparição de junho de 1917. Estas páginas contêm a narração que dá a conhecer um dos capítulos mais importantes da Mensagem de Fátima, precisamente a primeira parte do Segredo relativa ao Imaculado Coração de Maria. “Ser, o segredo do Coração” pretende constituir-se um contributo para a reflexão sobre esta devoção mariana que, embora já estivesse inscrita nos corações dos fiéis desde o século XVII, aufere uma projeção universal e contemporânea a partir de Fátima.

A exposição pode, a partir de agosto de 2013, ser visitada desde qualquer parte do mundo e nas sete línguas oficiais do Santuário de Fátima, desde que haja ligação à Internet, a partir do endereço http://serosegredodocoracao.fatima.pt/.

Inauguração das Novas Instalações da Fundação António Quadros

Julho 11, 2013

AF_CONVITE_MAIL 13.07.2013

DESENCONTROS

Junho 25, 2013

por Rita de Cássia Alves 

O verde abriu o sarcófago dos templários

E de dentro do féretro saltam passados distantes

Em atividade de cacto.

Alguns olhos assustados e apartados pela linha do nariz

Outros, obtusos, buscam no chão um ponto luz.

Caravaggio perdeu a guerra da perspectiva

Pois o ataúde ignora o foco de projeção

Nucas e frontes disputam fachos esquizofrênicos

De uma iluminação nascida da ponta dos dedos.

Seres sem braços

Envoltos em fios de cobre

Ardem nas espreguiçadeiras de domingo

Imploram uma fatia de Tarte Tatin

E comem vorazmente com a memória.

Sobre as cabeças de pedra

Braços e pernas explodem do corpo-casulo

Um rosto emergido em pigmento

Desviando a ondulação da luz

Até o mais profundo vazio

Dos olhos negros.

“Desencontros”, Valdir Rocha, 2013. Pastel sobre papel tingido na massa.

“Desencontros”, Valdir Rocha, 2013.
Pastel sobre papel tingido na massa.

Uma coisa puxa a outra

Junho 4, 2013

Por Renato Nalini

O “Arquivo Aberto” é uma coluna interessante da Folha de São Paulo publicado no “Ilustríssima” a cada domingo. Por sinal, o caderno único sobre cultura dos grandes jornais paulistas. No dia 14 de abril deste ano, André Barcinski escreveu “Clodovil esnobou o Motörhead”. Contou um episódio ocorrido em 1989, quando foi fotografar a banda de rock chamada Motörhead.

Diz que “todo fã de rock pesado venera o Motörhead e seu líder, Lemmy Kilmister. Nascido na véspera do Natal de 1945, Lemmy é uma lenda do rock, um ícone da vida libertina e hedonista”. Não sou exatamente um fanático do rock pesado. Mas nasci também na véspera do Natal de 1945. Não tive a vida venturosa de Lemmy, que primeiro atuou como baixista do Hawkwind, uma comuna/gangue que vivia a consumir LSD e tocava uma animalesca mistura de punk e rock progressivo.

Foi demitido dessa gangue por mau comportamento, foi preso na fronteira dos EUA e Canadá por porte de drogas e fundou o Motörhead, gíria usada para identificar os viciados em anfetaminas. Escreveu uma autobiografia: “White Line Fever”, onde conta que bebe uma garrafa de Jack Daniel´s por dia, já dormiu com 1200 mulheres e resolveu doar seu corpo à ciência, para que alguém estude o segredo de sua longevidade. Onde entra Clodovil nisso tudo?

Ele se hospedava no mesmo hotel e não quis ser fotografado com a banda. O Clodovil que fazia os vestidos de Rosa Scavone, chegou a organizar festas de casamento em Jundiaí, foi deputado federal, perseguido porque derrubou árvores para construir sua casa em Ubatuba e faleceu há pouco. Deixando mais dívidas do que patrimônio. Interessante é que eu nunca ouvira falar de Lemmy Kilmister, que nasceu no mesmo dia em que nasci, levou uma vida bem diferente – e bem mais movimentada – do que a minha.

Também não sabia que era um mito e que muito longe em termos de façanha competiria com ele Keith Richards. As memórias que viram histórias de quando em vez sugerem coincidências – ou seria a lógica de Deus? – que suscitam reflexões e devaneios como este. Vejam como uma coisa puxa outra, sem que nos demos conta da rede de relacionamentos que povoa nossa mente.

PROJETO TRAVESSIAS – Encontro com autores

Maio 20, 2013

Como se atravessássemos uma ponte, conforme a paisagem muda, oscila a perspectiva do olhar e a memória fala. Conversa informal com um autor (prosa e/ou poesia) sobre sua travessia pelo caminho da escrita, como sua criação se desenvolveu entre buscas, silêncios e avanços. Estímulos e pausas. Lelia Maria Romero atravessará a ponte com o poeta, crítico e ensaísta português  Luis Serguilha. Na ocasião haverá o lançamento do livro “Kalahari” (Oficio das Palavras Editora).

20 DE Maio

Luis Serguilha – Poeta, crítico e ensaísta. Possui textos publicados em revistas de literatura no Brasil, na Espanha e em Portugal. Alguns dos seus textos foram traduzidos em vários idiomas. Participou de encontros internacionais de arte e literatura. Experimentador das Leituras Poéticas-Metamórficas-Lahars. É responsável por uma coleção de poesia contemporânea brasileira na Editora Cosmorama. Curador do Encontro Internacional de Literatura e Arte: Portuguesia. Curador do Raias-Poéticas: Afluentes Ibero-Afro-Americanos de Arte e Pensamento.

Lelia Maria Romero – poeta e escritora, pós graduanda em Jornalismo Literário. Autora de “Poemas pra navegar” (M.Ohno Editores, 1993) e “Andaluza” (Ed.Escrituras, 2000). Pesquisa a Espanha medieval e através do Alandaluz voltou ao poeta Federico Garcia Lorca, em cuja poesia identifica traços da poética árabe e persa. Coordena o Projeto NARRARte, que promove oficinas de escrita criativa e saraus temáticos. Contato leliamiura@gmail.com

Rita Alves – Poeta, Historiadora, Crítica de Arte e Literatura, Ensaísta e Gravurista.  Artista Plástica com instalações de arte/poema nos principais parques do estado de São Paulo, Prêmio Literatura em 2011 pela Comunidade África Brasil, escritora de artigos para oito países de língua portuguesa:  Brasil, Portugal e África.  Experimentadora linguística, absorve outras áreas para a poesia para dar novos suportes ao texto/obra.  Fará leitura de um pensamento do poeta Luis Serguilha.

Travessias 2 CONVITE

EVENTO: TRAVESSIAS – Encontro com autores

ONDE: Martins Fontes Paulista – Av.Paulista, 509 – metrô Brigadeiro

QUANDO: 20 de maio, segunda-feira, às 19h30 – auditório.

Lançamento de Kalahari às 20h30 – piso térreo

CONVIDADO: Luis Serguilha

CURADORIA: Lelia Maria Romero

Oscar Niemeyer 15.12.1907 – 05.12.2012

Dezembro 6, 2012

Por Dalila Teles Veras

Oscar Niemeyer, o artista/arquiteto brasileiro/universal, inimitável criador, Mestre das formas atravessou todo o Século XX e entrou no XXI sem perder sua enorme capacidade de ousar, surpreender e emocionar.

Um homem declaradamente ateu que se aproximou (e nos aproxima) do Sagrado de maneira admirável e inconfundível, posto que sua essência pertencia à esfera do humanismo.

Muitas e importantes cidades do mundo exibem obras suas, mas é o Brasil moderno que detém o privilégio de possuir a indelével assinatura Niemeyer, marca cravada para sempre em nosso imaginário cultural.

Ao Gênio que nos deixa, estrela máxima terrestre que hoje pertence a outra constelação, nossa reverência e eterno reconhecimento.